BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez um aceno nesta quarta-feira (27) ao ministro Fernando Haddad (Fazenda) em audiência pública na Câmara dos Deputados e defendeu o compromisso de atingir a meta fiscal estabelecida pelo governo Lula (PT).

"Hoje, o importante é persistir na meta, é o que a gente tem dito e o que foi delineado na comunicação oficial. A razão pela qual existe um questionamento é porque precisa de receitas adicionais bastante grandes para cumprir esse número", afirmou.

O chefe da instituição disse que "todo mundo" entende a dificuldade de corte de gastos do governo e de atingir a meta estabelecida, mas reforçou o discurso de perseverança.

"Nossa mensagem é de persistência. Está bem alinhado com o que o ministro [Fernando] Haddad tem dito, a gente acha que esse é um caminho bem promissor. Mesmo que a meta não seja cumprida exatamente, o que os agentes econômicos vão ver é qual o esforço que teve na direção de cumprir a meta", acrescentou.

A equipe econômica traçou como objetivo zerar o déficit primário já no ano que vem ?meta vista com ceticismo pelo mercado e até por membros do próprio governo.

Campos Neto prestou esclarecimentos sobre política monetária na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, solicitada pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ).

Na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, divulgada nesta terça-feira, o colegiado observou que a desconfiança sobre o cumprimento das metas fiscais estabelecidas pelo governo Lula (PT) tem elevado a preocupação do mercado financeiro com a trajetória da inflação,

"O Comitê avalia que parte da incerteza observada nos mercados, com elevação de prêmios de risco e da inflação implícita, estava anteriormente mais em torno do desenho final do arcabouço fiscal e atualmente se refere mais à execução das medidas de receita e despesas compatíveis com o arcabouço e o atingimento das metas fiscais", disse.

No documento, o colegiado do BC reiterou a importância da "firme persecução" das metas fiscais para levar as expectativas de inflação em direção às metas e, assim, ajudar no processo de redução dos juros.

Na quarta-feira da semana passada (20), o Copom reduziu a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 13,25% para 12,75% ao ano. A decisão foi tomada de forma unânime pelos nove membros do colegiado.

Esse foi o segundo corte consecutivo na mesma intensidade promovido pelo comitê, que levou os juros ao menor nível desde maio de 2022.


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