BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - Os ônibus chineses eram apenas curiosidades em raros estandes na edição 2019 da feira Busworld. Quatro anos depois, os modelos asiáticos ocupam um pavilhão inteiro no evento realizado em Bruxelas (Bélgica).
O motivo do avanço é a eletrificação. Da mesma forma como ocorre com os carros de passeio, a China evoluiu rapidamente na produção de coletivos a bateria; o país já oferece mais opções que as fabricantes da Europa.
Isso reflete a necessidade global de descarbonizar o sistema de transportes. A imensa maioria dos ônibus expostos na Busworld, que está aberta ao público até quinta (12), não queima óleo diesel.
Chinesa Yutong apresenta modelo U18 em feira de ônibus realizada em Bruxelas, Bélgica. Eduardo Sodré/Folhapress **** As marcas chinesas são ágeis em se adequar a normas de diferentes países, como é possível ver nas opções de carroceria disponíveis.
Essas empresas asiáticas encheram seus estantes com representantes de vendas, que driblam as dificuldades do idioma entregando cartões com QR code para mais informações. Todos os ônibus estão abertos e apresentam acabamento bem cuidado.
São modelos como o Golden Dragon Pivot E-12, que tem 12 metros de comprimento e capacidade para transportar 79 passageiros.
As baterias têm 525 kWh de capacidade, suficiente para percorrer 300 quilômetros no uso urbano.
Menor e voltado para o uso em centros urbanos, o Altas Novus City V7 tem 7,5 metros de comprimento. O veículo é fabricado pela Zhongtong, que tem 15 anos de atuação no mercado de ônibus elétricos -parece pouco tempo, porém é mais do que a maior parte das montadoras europeias.
Cai Hongyang, diretor de vendas da empresa na Europa, apresenta animadamente as características do modelo. Ele diz que, por ser estreito (cerca de dois metros de largura), o carro trafega bem por ruas apertadas.
"Temos mais espaço e acesso fácil, as baterias estão embaixo e no teto", diz o executivo enquanto aponta para cima e para os relevos do assoalho.
Essas baterias que vão no alto são pequenas e estão incorporadas à estrutura. Dessa forma, segundo Hongyang, não prejudicam a distribuição de peso.
De acordo com os dados divulgados pela Zhongtong, a autonomia do Nivus City V7 é de 309 quilômetros. Há capacidade para transportar 37 passageiros.
Um dos modelos que mais chama a atenção no espaço dedicado aos ônibus chineses é o Yutong U18. Seus faróis rodeados por LEDs se assemelham ao de veículos conceituais da década passada. O modelo é biarticulado e tem 18 metros de comprimento, com capacidade para 120 passageiros.
Yingee Geng, gerente executivo de vendas da Yutong, explica que também há baterias no teto, que é elevado. O assento do motorista fica isolado por uma porta com janela de vidro. Esse banco tem amortecimento pneumático -mesmo sistema usado em caminhões de grande porte.
Enquanto o U18 tem estilo próprio, os ônibus da King Long reproduzem detalhes da linha Mercedes-Benz, como a parte frontal com apliques que remetem à estrela de três pontas da marca alemã.
Embora o desenho ainda traga a impressão de cópia, a empresa chinesa tem estratégia agressiva para ganhar o mercado europeu. A linha completa está em exposição na Busworld, indo de microônibus urbanos de 6 metros até os rodoviários de 12 metros. Todos são elétricos.
Em frente à King Long está a Higer, que vai construir uma fábrica no Ceará. Já existem planos para uma segunda unidade, na região Centro-Oeste.
Um telão instalado no estande da marca exibe imagens da linha de produção chinesa e de diferentes ações da empresa mundo afora. O vídeo se alterna com áudio e legendas em inglês, francês, espanhol e árabe.
A Higer destaca as parcerias com outras marcas, como a Toyota. O trabalho em conjunto com a montadora japonesa é voltado para o desenvolvimento de ônibus movidos a hidrogênio.
Ou seja, os modelos 100% elétricos são apenas parte do caminho para para a indústria automotiva da China.
O jornalista viajou a convite da Mercedes-Benz do Brasil
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