SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, afirmou nesta terça-feira (10) que a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas é um choque econômico mundial desnecessário que tornará mais difícil para os bancos centrais conseguirem um pouso suave em muitas economias, caso se espalhe.
"É uma tragédia humanitária e um choque econômico de que não precisávamos", disse Banga à Reuters durante a reunião anual do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Banga relembrou que as economias dos países estavam começando a se recuperar após as dificuldades enfrentadas desde o início da pandemia de Covid-19 e seguidas pela guerra na Ucrânia, antes de o conflito estourar no Oriente Médio.
"(Os bancos centrais estavam) começando a se sentir um pouco mais confiantes de que havia uma oportunidade para um pouso suave, e isso só dificulta as coisas", afirmou Banga. Ele teme os efeitos do confronto caso ocorra a extensão para outros países ou se tiver uma duração longa. "Seria uma crise de proporções inimagináveis", avaliou.
No mesmo evento, o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, afirmou que é cedo demais para dizer como a escala do conflito afetará a economia: "Dependendo de como a situação se desdobrar, há muitos cenários diferentes que ainda nem começamos a explorar, então ainda não podemos fazer qualquer avaliação nesse momento", disse.
Gourrichas divulgou nesta terça-feira o relatório Perspectiva Econômica Global, com as previsões do fundo para as economias do mundo, mas o temor com o conflito entre Israel e Hamas não foi incluído no documento, pois ele foi concluído em 26 de setembro, antes do estouro do conflito.
Na segunda-feira, o Banco Mundial alertou aos funcionários, em memorando interno, que está seriamente preocupado com a "escalada chocante" da violência no conflito entre israelenses e palestinos.
O documento citou uma "devastadora perda de vidas, destruição e grande número de vítimas civis de ambos os lados", mas expressou apoio ao trabalho do banco em Gaza e na Cisjordânia.
"O Banco Mundial e nossos parceiros de desenvolvimento têm trabalhado há muito tempo para apoiar as pessoas mais pobres e vulneráveis na Cisjordânia e em Gaza, e continuamos comprometidos em construir as bases para um futuro mais estável e sustentável", disse.
A expectativa é que a reunião anual de 9 a 15 de outubro em Marrakech se concentre fortemente no aumento de recursos para o FMI e o Banco Mundial, mas a atenção de muitos participantes no primeiro dia se voltou para a possibilidade de um conflito mais amplo.
"Estamos todos muito surpresos com a magnitude das baixas em ambos os lados", afirmou Anna Bjerde, diretora administrativa de operações do Banco Mundial, em entrevista à Reuters.
O conflito já elevou os preços do petróleo e provocou uma corrida para ativos de segurança, como o ouro, o que pode prejudicar as economias em desenvolvimento.
O economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gill, disse à Reuters que o conflito poderá se somar a um grande catálogo de riscos já enfrentados pela economia global, incluindo a fragmentação do comércio, especialmente se ressuscitar atrasos na cadeia de suprimentos que elevaram os preços durante a pandemia da Covid-19.
"No momento, o mais urgente é a inflação. Se começarmos a ver os preços dos combustíveis subirem e os preços dos produtos subirem por causa desses congestionamentos logísticos, isso apenas agravará os problemas", disse ele.
Gill disse que teme que a violência possa ofuscar discussões importantes planejadas nas reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial desta semana sobre dívida soberana, perspectivas de crescimento medíocre e o grande retrocesso no desenvolvimento causado pela pandemia da Covid-19.
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