SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira subiu 1,72% e atingiu os 114.776 pontos nesta quinta-feira (26) após divulgação do IPCA-15 de outubro, que desacelerou em relação a setembro, e com o avanço das pautas econômicas do governo no Congresso Nacional.
Já o dólar passou o dia rondando a estabilidade, mas fechou a sessão em leve queda de 0,20%, cotado a R$ 4,990. Apesar do cenário local positivo, a moeda americana foi beneficiada por dados econômicos mais fortes que o esperado nos Estados Unidos, enquanto o mercado aguarda a próxima decisão sobre juros do Fed (Federal Reserve, o banco central americano).
Pela manhã, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a inflação medida pelo IPCA-15 subiu 0,21% em outubro, ante 0,35% em setembro. O resultado veio levemente acima das projeções do mercado, que esperava alta de 0,20%.
Mesmo assim, a avaliação é que o índice foi positivo. Os preços da gasolina e de alimentos caíram e atenuaram o resultado de outubro, e os núcleos de inflação e serviços subjacentes, que excluem preços mais voláteis, vieram melhores que o esperado.
"Quando observamos a composição do IPCA-15, o cenário segue apresentando uma trajetória benigna para a inflação. Os preços de serviços subjacentes desaceleraram, o que é bastante positivo para o cenário do Banco Central, e a média dos núcleos de inflação passou de 5,1% para 4,9% em outubro. Os últimos dados vêm mostrando que a inflação brasileira segue mais controlada", diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
O cálculo dos núcleos de inflação exclui preços de alimentos e energia, enquanto o de serviços subjacentes retira a variação de hotéis, passagens aéreas e tarifas de internet, por exemplo, buscando isolar efeitos temporários de preços.
As passagens aéreas, aliás, foram um dos principais pontos de pressão no IPCA-15 de outubro. Os bilhetes aumentaram 23,75% e exerceram impacto de 0,16 ponto percentual no índice, em meio à forte alta do petróleo no exterior nas últimas semanas.
Por isso, mesmo com a forte variação, o dado ainda mostra que a inflação está perdendo força, como explica Lucas Farina, analista econômico da Genial Investimentos.
"Em uma visão panorâmica, o IPCA-15 mostra que a inflação subjacente continuou a arrefecer. O que puxou [a alta de] serviços foram as passagens aéreas, que são muito voláteis. Esse resultado sedimenta o atual ritmo de corte de 0,50 ponto percentual na Selic nas próximas reuniões do Copom [Comitê de Política Monetária]", diz Farina.
O analista Rafael Costa, da BGC Liquidez, também afirma que o dado divulgado nesta manhã endossa o cenário de diminuição da inflação.
"A surpresa de baixa nos grupos de serviços subjacentes e na média dos núcleos foi certamente bem-vinda e reforça a opinião de que a desinflação está sendo consistente", diz Costa.
Após a divulgação dos dados, as curvas de juros futuros brasileiras tiveram forte queda. Os contratos com vencimento em janeiro de 2025 caíram de 10,92% para 10,80%, enquanto os para 2027 foram de 10,99% para 10,75%.
O alívio nas curvas futuras deu força às companhias brasileiras e garantiram o forte desempenho do Ibovespa nesta quinta, com as maiores altas do dia sendo das "small caps", empresas menores e mais sensíveis aos indicadores domésticos. O índice que reúne esses papéis subiu 2,05%.
O destaque positivo ficou com o setor de varejo: Carrefour, GPA e Assaí lideraram as altas do dia com avanços de 6,38%, 6,10% e 6,07%, respectivamente.
Na ponta negativa, a Petrobras foi a única entre as mais negociadas da sessão a registrar queda, pressionada tanto pelo recuo do petróleo no exterior quanto por recentes movimentações sobre mudanças no Estatuto Social da companhia.
Os negócios locais foram apoiados, ainda, pelo avanço das pautas econômicas no Congresso.
Na quarta (25), a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei sobre a tributação de fundos exclusivos e offshores, uma das medidas do ministro Fernando Haddad (Fazenda) para aumentar a arrecadação e cumprir as novas regras fiscais.
Além disso, a reforma tributária também avançou, com a apresentação do relatório do senador Eduardo Braga (MDB-AM) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
NOS EUA, PIB REFORÇA CENÁRIO DE JUROS ALTOS
Apesar do cenário local positivo, a queda do dólar ante o real foi limitada pela divulgação de dados sobre a economia americana mais fortes que o esperado.
Segundo o Departamento de Comércio dos EUA, o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu 4,9% no terceiro trimestre, em sua maior alta em quase dois anos, impulsionada por salários mais altos e um mercado de trabalho aquecido. A previsão de economistas consultados pela Bloomberg era de alta de 4,5%.
O dado reforçou as apostas no mercado de que os juros americanos devem ficar mais altos por mais tempo -ou até mesmo sofrer uma nova alta neste ano-, já que a economia dos EUA segue resiliente mesmo com os esforços do Fed para desacelerar as atividades e conter a inflação.
"A economia segue vigorosa nos EUA, mas deve desacelerar no quarto trimestre, em linha com a política monetária restritiva do Fed. Não vemos, por ora, nenhum sinal de recessão, e o Fed deve manter uma política monetária restritiva por um longo período para esfriar a inflação", diz Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank.
Após a divulgação dos dados, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a outras moedas fortes, subiu 0,13%. A perspectiva de juros mais altos nos EUA costumam beneficiar o dólar, já que aumentam a atratividade da renda fixa e, consequentemente, a entrada de recursos estrangeiros no país.
Já os índices de ações americanos registraram forte queda, pressionados por balanços corporativos piores que os esperado das grandes empresas de tecnologia. As chamadas "big techs" perderam R$ 200 bilhões em valor de mercado após a divulgação de resultados decepcionantes.
Com isso, o Nasdaq, que reúne empresas de tecnologia, tombou 1,76%. O S&P 500 e o Nasdaq seguiram a tendência negativa, recuando 1,18% e 0,76%, respectivamente.
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