RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O número de desempregados que procuram trabalho há dois anos ou mais caiu para 1,8 milhão no terceiro trimestre deste ano no Brasil. Trata-se do menor patamar para esse intervalo desde 2015, quando o contingente era de 1,6 milhão.
As informações, divulgadas nesta quarta-feira (22) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).
O contingente de 1,8 milhão de trabalhadores no chamado desemprego de longa duração supera a população inteira de uma capital como Curitiba (quase 1,8 milhão).
O número de desocupados nessa situação era de 2,6 milhões no terceiro trimestre do ano passado. Ou seja, ao atingir 1,8 milhão em igual período de 2023, a população desempregada há dois anos ou mais teve queda de 28,2%.
Adriana Beringuy, coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE, associou a redução à retomada das atividades econômicas e à melhora da geração de empregos após o baque causado pela pandemia. Isso, segundo ela, também vem ajudando os trabalhadores que estavam afastados do mercado por menos tempo.
No terceiro trimestre de 2021, intervalo impactado pela crise sanitária, o desemprego de longa duração atingia 3,9 milhões de pessoas no Brasil. "É um número que cresceu bastante na pandemia e que vem diminuindo gradativamente", disse Beringuy.
A parcela de 1,8 milhão em busca de trabalho há pelo menos dois anos representou 22,2% do total de desempregados no país no terceiro trimestre de 2023 (8,3 milhões) -o equivalente a 1 em cada 5.
A série histórica da Pnad começou em 2012. A maior proporção para o terceiro trimestre foi verificada em 2021, quando o desemprego de longa duração atingia 28,9% do total de desocupados no país. Já a menor marca foi de 16,9%, no terceiro trimestre de 2015.
37,7% DOS DESEMPREGADOS DO RJ BUSCAM TRABALHO HÁ DOIS ANOS OU MAIS
O Rio de Janeiro é a unidade da federação com a maior proporção de desempregados há dois anos ou mais. No terceiro trimestre de 2023, 37,7% dos desocupados no estado estavam em busca de trabalho por no mínimo 24 meses. Acre (35%) e Pernambuco (34,7%) vieram na sequência.
Beringuy disse que o resultado do Rio de Janeiro pode ser associado ao fato de o estado ter uma economia menos diversificada do que outras regiões do país, o que dificultaria a absorção da mão de obra afastada há mais tempo do mercado de trabalho fluminense.
"É tudo [no Rio] muito canalizado a serviços e comércio, mas essas atividades também apresentam um limite para absorver mão de obra", afirmou a pesquisadora.
O Pará, por outro lado, tem a menor proporção de desempregados de longa duração (4,9%), seguido por Goiás (5,7%) e Piauí (9,3%). Em São Paulo, o percentual foi de 18,5% no terceiro trimestre de 2023, também abaixo da média nacional (22,2%).
Segundo as estatísticas oficiais, a população desempregada é formada por pessoas de 14 anos ou mais que estão sem ocupação e que seguem à procura de vagas formais ou informais. Quem não está buscando oportunidades, mesmo sem ter emprego, não entra nesse número.
Ou seja, se um trabalhador que procura vagas há dois anos ou mais desistir da busca, não será contabilizado como desempregado. Essa situação, porém, não foi citada pelo IBGE para explicar os resultados do terceiro trimestre. Segundo o órgão, o que pesou para frear a desocupação mais longa foi a retomada das atividades econômicas.
O tempo de procura de trabalho da maior parte dos desempregados no Brasil vai de um mês a menos de um ano. No terceiro trimestre de 2023, essa parcela correspondeu a 46,9% do total de desocupados. Dois anos ou mais (22,2%), menos de um mês (19,5%) e de um ano a menos de dois anos (11,4%) aparecem na sequência.
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