SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira garantiu mais um dia positivo e fechou em alta de 0,86%, aos 127.093 pontos, com impulso de empresas do setor de petróleo, que acompanharam a subida da commodity no exterior.
A Petrobras, segunda maior empresa do Ibovespa, subiu 3,20% e foi o papel mais negociado da sessão. A maior alta do dia, porém, foi da PetroRio, que avançou 5,02%.O avanço ocorre depois de uma semana de forte queda de empresas do setor, após o petróleo cair ao seu menor patamar em cinco meses em meio a preocupações sobre a demanda.
Com impulso do petróleo, o Ibovespa conseguiu superar o susto com dados de emprego mais fortes que o esperado nos Estados Unidos divulgados nesta sexta, que esfriou apostas de uma possível antecipação do ciclo de corte nos juros americanos.
Com isso, a Bolsa brasileira até começou a sessão caindo e chegou a operar aos 125.600 pontos na mínima do dia. O movimento, no entanto, durou pouco: o Ibovespa se recuperou e passou a subir logo no fim da manhã.
Já o dólar foi beneficiado pelos novos dados de emprego e engatou alta no Brasil e no exterior. A moeda americana tende a subir com a perspectiva de juros mais altos nos EUA, já que taxas elevadas aumentam os rendimento da renda fixa americana e, consequentemente, atraem recursos para o país.
Com isso, o dólar terminou a sessão em alta de 0,41%, cotado a R$ 4,929.
Segundo o Departamento do Trabalho americano, foram criadas 199 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola no país em novembro, resultado maior que os 180 mil postos projetados por economistas consultados pela Reuters. O número vem após uma série de dados mais fracos sobre emprego nos EUA que aumentaram apostas de uma antecipação do ciclo de corte de juros no país.
"O dado surpreendeu, especialmente considerando que outros indicadores do mercado de trabalho divulgados durante a semana mostraram resultados menos robustos. Para o banco central norte-americano, o dado do payroll [relatório de emprego] é crucial e, ao superar as expectativas, é provável que o Fomc [comitê de política monetária americano] mantenha uma postura cautelosa na reunião da próxima semana", afirma Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
Apesar da surpresa, que causou sobressalto no mercado no início do dia, a avaliação é que o desvio não deve causar mudanças significativas no rumo da política de juros americana. Sung lembra, por exemplo, que os últimos dados mostraram arrefecimento da economia dos EUA e uma inflação em baixa, o que permite que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) não altere seu plano atual.
Para Marcelo Oliveira, sócio-fundador da Quantzed, os dados não chegam a ter impacto significativo nas projeções.
"Os juros americanos reagiram um pouco mal com treasuries subindo, mas não muita coisa. Número veio acima do esperado, mas não tanto acima. Algumas casas já trabalhavam com números acima de 200 mil, ou seja, é quase um número dentro do esperado ligeiramente negativo", diz Oliveira.
Já Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, afirma o aquecimento do mercado de trabalho americano pode trazer de volta discussões sobre um possível aumento de juros.
"A aceleração nas contratações e a queda no desemprego certamente aumentam a emoção nestes dias que antecedem a reunião do Fomc, e a possibilidade de mais um aumento volta ao radar. Mas acredito que as chances de manutenção da taxa de juros ainda permanecem altas", diz o economista.
Para Igliori, as principais dúvidas sobre os juros americanos devem recair sobre o início do ciclo de queda das taxas, e as apostas de redução já no primeiro trimestre de 2024 perderam força.
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