SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira subiu 1,06% e atingiu sua máxima histórica de 130.842 pontos nesta quinta-feira (14), segundo dados preliminares, impulsionada pela expectativa de que os juros devem começar a cair no próximo ano.

Na quarta (13), o Fed (banco central americano) manteve os juros dos EUA inalterados na faixa entre 5,25% e 5,50% e sinalizou que a alta nas taxas do país pode ter chegado ao fim, dando otimismo ao mercado.

Além disso, o Copom (Comitê de Política Monetária), no Brasil, realizou um novo corte de 0,50 ponto percentual na Selic (taxa básica de juros), mantendo o ritmo de afrouxamento monetário das últimas duas reuniões e levando-a a 11,75% ao ano.

"O Ibovespa ainda reflete o bom humor do mercado de ontem. O que mais chamou a atenção foi o discurso do presidente do Fed, que deu a entender que o juros atingiram seu pico e citou que o comitê já iniciou discussões sobre corte de juros para as próximas reuniões. Isso pode ajudar o Banco Central do Brasil a acelerar o corte da Selic em 2024", afirma Andre Fernandes, chefe de renda variável e sócio da A7 Capital.

O último recorde de fechamento diário do Ibovespa havia ocorrido no dia 7 de junho de 2021, quando o índice atingiu os 130.776 pontos.

O Ibovespa também foi favorecido pela subida das commodities nesta quinta, que apoia a Petrobras e a Vale, as maiores empresas da Bolsa brasileira. As ações da petroleira subiram 2,16%, enquanto a mineradora teve alta de 0,54% e foi o papel mais negociado da sessão.

"A dúvida neste momento é se o mercado pode continuar subindo", afirmou o analista da Guide Investimentos Mateus Haag, acrescentando que a visão da casa é de que o Ibovespa ainda está barato.

Além disso, afirmou, o fluxo para ações tem sido baixo nos últimos anos, com os investidores pouco alocados de forma geral, o que abre espaço para mais valorização.

Os índices de ações americanos também tiveram um dia positivo, embalados justamente pelas expectativas sobre juros. O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq fecharam em alta de 0,26%, 0,43% e 0,19%, respectivamente.

Já o dólar segue caindo, pressionado justamente pela perspectiva de baixa de juros, que tende a fazer com que investidores realoquem recursos para mercados mais arriscados ao diminuir o retorno da renda fixa americana.

A moeda americana terminou o dia em leve baixa de 0,10%, cotado a R$ 4,914. Na mínima do dia, o dólar chegou a ser negociado a R$ 4,87, mas reduziu as perdas no Brasil, em meio ao noticiário ligado ao Congresso Nacional, que está na reta final dos trabalhos em 2023.

Nos EUA, o Fed também divulgou na quarta que seus diretores projetam um corte de 0,75 ponto percentual nas taxas em 2024, dando otimismo a investidores. Nenhuma autoridade do banco prevê altas de juros no próximo ano.

Em seu comunicado, o banco central americano afirmou que indicadores recentes sugerem que o crescimento da atividade econômica dos EUA desacelerou de seu forte ritmo do terceiro trimestre, citando que a elevação dos juros conseguiu moderar o aquecimento do mercado de trabalho e que a inflação caiu ao longo do ano, apesar de permanecer elevada.

A instituição apontou, ainda, as condições que o faria considerar "algum reforço adicional da política" que possa ser apropriado para levar a inflação à meta de 2%. A palavra "algum" foi adicionada ao comunicado da autoridade, num sinal visto como mais suave pelo mercado, sugerindo que o banco central pode não ver a necessidade de aumentar as taxas.

Em coletiva de imprensa, Jerome Powell, presidente do Fed, disse que a inclusão da palavra "algum" refletia a visão de que a taxa de juros estava "provavelmente no seu pico". Ele também acrescentou que, embora as autoridades "não considerem apropriado aumentar ainda mais as taxas de juros, também não querem retirar a possibilidade da mesa".


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