BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Fernando Haddad (Fazenda) comemorou nesta terça-feira (19) a elevação da nota do país pela agência de classificação de risco S&P fazendo elogios ao que chamou de harmonia de trabalhos entre os Poderes e o consequente avanço da agenda econômica neste ano. Para ele, um país como o Brasil precisa ter grau de investimento.

Haddad, que capitaneou durante o ano uma pauta intensa de medidas legislativas, principalmente para elevar a arrecadação federal, afirma que a melhora da nota reflete esses trabalhos e que há muitas razões para otimismo -apesar de mencionar que há muito a ser feito no ano que vem.

"Essa harmonia entre os Poderes [que existe] quando Executivo, Legislativo e Judiciário se unem em torno de uma causa, [para] colocar ordem nas contas, garantir o Orçamento, garantir os programas sociais... Quando o país tem um projeto, as agências percebem que há uma coordenação em torno de um objetivo maior", afirmou a jornalistas.

Para ele, o ponto alto dessa harmonia foi a aprovação da reforma tributária -que deve ser promulgada ainda nesta semana pelo Congresso. Outra proposta defendida por ele, que altera as regras para benefícios do ICMS, ainda precisa de aval do Senado.

"Nunca me conformei de o Brasil não ter grau de investimento. Porque um país que não deve um tostão em moeda forte, que tem mais de US$ 300 bilhões em caixa, não pode não ter grau de investimento. Tem que ter grau de investimento", disse ele, acrescentando que um segundo objetivo é um crescimento acima da média mundial.

"Isso tudo depende do trabalho conjunto, Executivo, Legislativo e Judiciário. E não me cabe outra coisa se não elogiar o trabalho que o presidente [da Câmara] Arthur Lira e o presidente [do Senado, Rodrigo] Pacheco têm feito", afirmou.

O ministro foi perguntado também sobre comentários da agência acerca do ritmo das medidas econômicas, vistas como um limitador para uma melhora da perspectiva do país.

Para ele, as medidas precisam ser sempre negociadas -mas o novo arcabouço fiscal já seria uma garantia de melhora. "O marco fiscal é elogiado por economistas de várias escolas de pensamento. Não há críticas ao marco fiscal", afirmou.

Ele ainda reiterou a necessidade do que chama de recomposição da base fiscal do Estado brasileiro, que, em sua visão, foi dilapidada. Para ele, se houver essa recomposição, "as coisas se estabilizam".

"Então, nós queremos uma trajetória de estabilidade, estamos construindo isso, mas nós dependemos também do Congresso Nacional. Não é por decreto que nós vamos conseguir gerar esse equilíbrio. Nós temos que negociar cada passo dele com o Congresso, com o Judiciário, porque tem que ser constitucional", disse.

"São dez anos de déficit primário, com exceção do ano passado que foi fake, vamos dizer assim, foi fruto de um calote, mas são dez anos de déficit primário. Então, nós estamos resolvendo corrigir de uma vez por todas, mas isso exige negociação. Não se faz por decreto", afirmou.

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