SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Gol entra com pedido de recuperação judicial, como uma série de TV expôs escândalo do Reino Unido e o que importa no mercado.

**GOL PEDE RECUPERAÇÃO JUDICIAL NOS EUA**

A Gol disse nesta quinta que a companhia e as suas subsidiárias estão entrando com pedido de recuperação judicial nos EUA.

Ela afirmou que inicia o processo conhecido como Chapter 11 com um compromisso de financiamento de US$ 950 milhões (R$ 3,69 bilhões) ?que está sujeito à aprovação judicial.

A notícia de que a Gol cogitava entrar com o pedido nos EUA foi antecipada pela coluna Painel S.A.

**EM NÚMEROS:**

R$ 20 bilhões é a dívida da companhia conforme estimativa das agências de risco; R$ 3 bilhões vencem no curto prazo (em até 12 meses).

33% é sua participação de mercado na indústria de aviação brasileira, perdendo apenas para a Latam Brasil, conforme o cálculo de receita de passageiros por quilômetro.

A Gol está em crise? Ela registrou prejuízo de R$ 1,3 bilhão no terceiro trimestre do ano passado, mas com uma redução de quase R$ 250 milhões em relação ao déficit do mesmo período de 2022.

? O problema é que a companhia apresenta dificuldades para honrar com as dívidas de curto prazo.

? Além da dificuldade em gerar caixa, a Gol não tem garantias, já que boa parte de seus ativos foi empenhada no acordo que resultou na Abra ?holding que controla Gol e Avianca.

Nesta semana, após o jornal O Globo ter publicado que os distribuidores de combustível estavam exigindo pagamento à vista, a empresa disse que as condições de pagamento não mudaram e que não tem problemas com abastecimento.

No comunicado desta quinta, a Gol afirmou que o pedido de recuperação judicial não afetará as operações e os voos da companhia. O serviço de milhas Smiles também segue em funcionamento.

Ela também destacou que obteve um dos melhores resultados operacionais para companhias aéreas da América Latina, e o quarto trimestre consecutivo de margens operacionais altas.

Não é a primeira: caso tenha seu pedido aceito, a Gol seguirá um caminho semelhante ao de Latam e Avianca, as duas maiores aéreas da América Latina. Elas já concluíram seus processos de recuperação na Justiça.

**SÉRIE EXPÕE ESCÂNDALO NOS CORREIOS DO REINO UNIDO**

Uma série britânica de quatro episódios lançada no início deste mês atingiu grande repercussão ao expor aquilo que é considerado como um dos maiores erros judiciais da história do Reino Unido.

"Mr. Bates vs The Post Office" é uma produção do canal de TV britânico ITV e ainda não chegou ao Brasil, mas a história do caso também já foi contada nesta série da BBC em formato de podcast (em inglês).

O caso: as produções tratam do chamado escândalo dos correios, que envolveu também uma empresa japonesa de software e os "subpostmasters" ?os donos de agências dos correios ao redor do país, algo semelhante ao modelo brasileiro.

Tudo começou a dar errado em 1999, quando a Post Office Ltd. contratou da japonesa Fujitsu um software que era usado para tarefas de contabilidade e controle de estoque.

Quando um franqueado dos correios ia fechar o caixa, apareciam discrepâncias, como um saldo negativo ?algo que, no papel, não fazia sentido.

Ao ligar para o suporte, a empresa dizia que não havia outros relatos de problemas com o sistema.

Como no Reino Unido os responsáveis pelas agências devem arcar com qualquer tipo de falta no caixa, eles tinham de ressarcir o ?prejuízo? para não serem acusados de furto.

O problema foi virando uma bola de neve, e muitos foram processados pela Post Office por não devolver a diferença negativa que constava no sistema.

No total, cerca de 3.500 donos de agências postais foram falsamente acusados de desviar dinheiro. Centenas foram presos, outros tantos tiveram que contrair dívidas para cobrir os enormes montantes que supostamente deviam e foram registrados pelo menos quatro suicídios ligados ao escândalo.

Pula para 2024. Apesar de o caso ter sido alvo de centenas de reportagens por cerca dez anos, foi a série recém-lançada que atraiu mais atenção.

O governo britânico propôs a aprovação de uma lei que prevê perdão judicial a todos os "subpostmasters" envolvidos no escândalo. Eles também pedem na Justiça indenização por danos materiais e morais.

O Grupo Fujitsu afirma que está levando o assunto a sério, trabalhando em conjunto com o governo do Reino Unido e esperando por um desfecho justo para as vítimas.

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