SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O uso do sistema Full Self-Driving, software que auxilia a condução do carro, pode ter sido responsável pela morte de Hans Von Ohain em um acidente de carro em 16 de maio de 2022, na cidade de Evergreen, nos Estados Unidos. De acordo com reportagem do jornal The Washington Post publicada nessa terça-feira (13), o sistema provavelmente estava acionado quando o Tesla Model 3, conduzido por Von Ohain, saiu abruptamente da estrada, bateu em uma árvore e pegou fogo.
Caso a suspeita seja confirmada, será a primeira vez que uma morte é ligada ao uso do sistema de software, que é apontado como o mais avançado feito pela Tesla. A montadora também tem o Autopilot, que já foi alvo de várias críticas de usuários e motivou ações contra a fabricante dirigida por Elon Musk, responsabilizando o Autopilot por acidentes. Porém, até o momento, a Justiça concedeu uma vitória à Tesla, inocentando a empresa de culpa na morte de uma pessoa em um acidente ocorrido em 2019.
Segundo a reportagem do Washington Post, um amigo que estava no banco do passageiro no acidente e também a viúva de Von Ohain, que era funcionário da Tesla, confirmam que a vítima usava frequentemente o Full Self-Driving.
A viúva de Von Ohain, Nora Bass, afirmou que não usava do sistema em virtude de sua imprevisibilidade. "Era instável, mas pensávamos que isso fazia parte do território (da nova tecnologia)", disse. "Agora parece que fomos apenas cobaias", lamentou em seguida.
No dia do acidente, Von Ohain jogou golfe e bebeu com Erik Rossiter, que o acompanhou no carro. O exame toxicológico da vítima indicou que ele estava com um nível três vezes acima do permitido, mas a viúva e o amigo afirmam que Von Ohain se sentia seguro, já que a propaganda feita por Musk era que o Full Self-Driving garantiria uma condução melhor do que a de um humano, o que passava uma falsa sensação de segurança ao motorista.
Uma investigação foi feita pela polícia do Colorado, mas não foi possível comprovar que o sistema estava sendo utilizado no momento do acidente e que teve participação no desvio feito pelo carro. A Tesla não reconheceu publicamente a morte de um funcionário dirigindo um de seus carros e também não respondeu aos questionamentos feitos pelo Washington Post. A viúva de Von Ohain ainda procura um advogado disposto a assumir o caso.
Além do acidente de Von Ohain, o jornal afirmou que um motorista que causou um engarrafamento na Califórnia envolvendo oito carros, também em 2022, usava o Full Self-Driving no momento da colisão. No início deste mês, a Tesla anunciou um recall de 2,2 milhões de veículos para corrigir problemas no sistema de freios e na manobra para estacionar o carro. Entre os modelos afetados está o Model 3, o mesmo que foi dirigido por Von Ohain no acidente fatal em 2022.
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