RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS0 - O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) trabalha em uma revisão dos cálculos das Contas Nacionais, que incluem o levantamento do PIB (Produto Interno Bruto).

Conforme o órgão, a intenção é atualizar as estatísticas para captar mudanças na economia ligadas, por exemplo, às transformações digitais e ao uso do meio ambiente. O PIB serve como medida de crescimento econômico dos países.

"Esse processo de revisão é comum, é feito de tempos em tempos porque a economia muda", diz Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, em entrevista à Folha.

"A gente muda alguma metodologia. Pode mudar fonte de dados, classificação, dá mais importância para algumas áreas da economia que estão ganhando mais peso", acrescenta.

Para fazer a revisão, o órgão deve seguir recomendações de instituições internacionais, incluindo ONU (Organização das Nações Unidas), OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), Banco Mundial, FMI (Fundo Monetário Internacional) e Eurostat.

Ainda não há uma data confirmada para a divulgação da atualização. O término do trabalho deve ficar para depois do lançamento do novo manual do SNA (Sistema de Contas Nacionais, na tradução da sigla em inglês), previsto para 2025.

Entre outras ações, a publicação deve introduzir medições ligadas ao meio ambiente, à economia digital, à extração de recursos naturais, à desigualdade e ao bem-estar.

"A gente não tem uma data certinha de divulgação, mas com certeza será depois do manual novo. Os países vão fazer esse movimento. A gente vai ter as Contas Nacionais mais representativas ainda, não só do desempenho econômico, mas olhando também para questões distributivas das famílias", afirma Palis.

"O PIB é a média. Quando você está olhando o consumo das famílias, está olhando a média. A ideia é fazer tabelas suplementares para abrir essas coisas, para você olhar o consumo das famílias por tipo de família, algo que vai dar maior informação sobre a distribuição também [de renda]", acrescenta.

A recomendação internacional é para que as revisões do tipo sejam feitas de dez em dez anos para evitar que a metodologia fique obsoleta. No Brasil, as últimas atualizações ocorreram para os anos de referência de 2000 e 2010.

A nova mudança deveria utilizar 2020 como período de referência, mas a pandemia de Covid-19 prejudicou a escolha. Por isso, a opção foi por 2021 como base para o trabalho.

Palis destaca que a nova proposta pretende melhorar a mensuração do impacto da economia digital e da degradação do meio ambiente. "É no sentido de englobar o econômico, o social e o meio ambiente", diz.

Na última alteração, referente a 2010, houve mudanças na contabilização dos investimentos na economia como a inclusão de pesquisa e desenvolvimento, segundo o IBGE.

O órgão já produz pesquisas como as Contas Econômicas Ambientais, que buscam analisar interações entre o meio ambiente e a economia.

No segundo semestre de 2023, o instituto também divulgou um levantamento inédito sobre os trabalhadores de aplicativos de serviços no Brasil, uma das faces da economia digital. Na ocasião, o IBGE contabilizou quase 1,5 milhão de profissionais dessa categoria.

O instituto é comandado pelo economista Marcio Pochmann. Ele assumiu a presidência do órgão em meio a contestações em agosto de 2023.


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