SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Americanas adiou pela terceira vez a divulgação do balanço referente à sua atividade durante os três primeiros trimestres de 2023, que estava agendada para esta segunda-feira (19).
A divulgação desses dados estava inicialmente prevista para 29 de dezembro e traria luz aos primeiros meses da nova gestão da empresa, que assumiu depois que veio à tona uma fraude contábil que levou à recuperação judicial da varejista no início de 2023, com dívidas declaradas de R$ 42,5 bilhões.
Em fato relevante publicado junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a empresa afirma que vai divulgar os resultados contábeis no próximo dia 26, antes da abertura do mercado. Na data, será realizada uma teleconferência com investidores, aberta ao mercado em geral. Serão publicadas de uma só vez as informações relativas aos trimestres encerrados em março, junho e setembro.
"A Americanas informa que, apesar do trabalho de elaboração das ITRs/23 [informações trimestrais] já estar finalizado e dos procedimentos de auditoria terem sido substancialmente concluídos, ainda não foi possível cumprir todo o rito interno de aprovação previsto na governança da companhia", diz o comunicado.
Depois de adiada em 29 de dezembro, a nova data da publicação do balanço dos três primeiros trimestres de 2023 passou a ser 31 de janeiro. Na sequência, foi adiada para 19 de fevereiro. Agora, para o próximo dia 26.
A Americanas divulgou os resultados financeiros de 2022 apenas em 12 de novembro, dez meses depois do escândalo contábil, quando apontou prejuízo de R$ 12 bilhões no ano.
As demonstrações financeiras de 2022 tiveram que ser refeitas após a descoberta de que dados contábeis foram adulterados durante oito exercícios seguidos, segundo o atual presidente da Americanas, Leonardo Coelho. Ele afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo que as fraudes ocorriam ao menos desde 2015.
Antes da divulgação do balanço desta segunda, as ações da Americanas negociadas na B3 se valorizaram em um centavo, o que representou um aumento de 1,69%, para R$ 0,60.
Desde 12 de janeiro de 2023, a Americanas demitiu um quarto da equipe, o que reduziu seu quadro de 43.123 colaboradores para 32.248 empregados sob regime CLT em 21 de janeiro de 2024 (dado mais recente disponível).
Em número de lojas, eram 1.880 em janeiro e hoje são 1.754, queda de 7%.
O fechamento de 126 pontos de venda em um ano representa cerca de uma loja encerrada a cada três dias. A medida é ruim não só para funcionários, é também para fornecedores, que perdem pontos de venda e promoção de produtos.
Desde assumir o rombo e ver seu valor de mercado desabar de quase R$ 11 bilhões para R$ 649 milhões, a Americanas assistiu à novata Shopee ultrapassá-la na lista das varejistas mais lembradas.
A redução nos quadros e nos serviços faz parte de tornar a empresa mais enxuta e vender a ideia de "nova Americanas", uma varejista mais voltada a produtos de conveniência, como guloseimas, itens de limpeza e brinquedos.
Assim, a companhia deixa em segundo plano itens de maior valor agregado como linha branca, notebooks e smartphones. Os parceiros do marketplace assumem essa frente.
"Mas é preciso levar em conta que os consumidores não têm a mesma confiança no site como tinham antes", disse, em entrevista à Folha de S.Paulo, José Daronco, analista da Suno Research. "Isso impacta diretamente o volume de vendas."
Como um possível reflexo desse receio, na Black Friday, a Americanas esteve entre os marketplaces que passaram por quedas mais acentuadas de visitantes, junto com Carrefour e Petz. Do outro lado dessa competição, os concorrentes Mercado Livre, Amazon, Shein e Shopee saíram como os vencedores da tradicional sexta-feira promocional.
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