SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Apesar de ter começado o dia em leve alta, a Bolsa brasileira passou a cair e quebrou sua sequência de altas consecutivas, puxada principalmente por empresas do setor de petróleo, em meio ao declínio da commodity no exterior.

A Petrobras, uma das empresas de maior peso do Ibovespa, recuou 0,68%, e a PetroRio, outra grande companhia do setor, caiu 1,40%.

A queda do petróleo ofuscou o desempenho da Vale, que chegou a subir quase 2% no fim da manhã e fechou o dia em alta de 0,23%, após a divulgação de seu balanço do quarto trimestre de 2023. As ações da empresa foram as mais negociadas do pregão.

"Boa parte da queda do Ibovespa hoje está seguindo o movimento no exterior com a queda das commodities, com parte da queda sendo aliviada pela alta das ações da Vale, que possui um peso relevante no Ibovespa, refletindo o bom resultado divulgado ontem", afirma Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.

Os números, de maneira geral, agradaram a analistas. A mineradora registrou queda de 35% no lucro do período, mas Fernandes aponta que a receita líquida e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) vieram dentro do esperado e que a empresa apresentou boas projeções para este ano.

A alta da mineradora, no entanto, não foi capaz de dar tração ao Ibovespa, que quebrou uma sequência de seis altas consecutivas.

Com isso, o índice terminou o dia em baixa de 0,63%, aos 129.418 pontos.

"O Ibovespa segue preso no canal entre 127 mil e 130 mil pontos há mais de um mês. Mesmo nos 6 pregões anteriores, quando subiu, o movimento foi limitado e não conseguiu aproveitar a euforia externa com o rali das techs puxado pela Nvidia", diz Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

Com o desempenho negativo desta sexta, o Ibovespa descolou-se do exterior. Nos Estados Unidos, os índices S&P 500 e Dow Jones subiram para outro recorde de fechamento, com os três índices de Wall Street registrando ganhos semanais, conforme as ações de empresas ligadas à inteligência artificial tiveram força suficiente para manter o movimento de alta.

No câmbio, o dólar fez o caminho contrário: começou o dia caindo, mas passou a subir, em meio a agenda esvaziada e incertezas sobre a economia global. A moeda americana terminou o dia em alta de 0,80%, cotado a R$ 4,992.

Como nas duas sessões anteriores, o dólar encontrou certo suporte nesta sexta-feira na avaliação de que o Fed não cortará sua taxa de juros nem em março, nem em maio, considerando os dados econômicos mais recentes.

A manutenção de juros mais elevados nos EUA, por mais tempo, em tese favorece as cotações do dólar ante as demais moedas.

Além das expectativas em torno do Fed, o câmbio reagiu nesta sexta-feira à queda firme do petróleo no mercado internacional, superior a 2%.

"Temos um movimento global de depreciação das moedas emergentes, muito por conta da queda do petróleo e do minério de ferro. Como o Brasil é um exportador de commodities, isso acaba afetando o real", comentou Matheus Massote, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.

Segundo Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, essa alta não se trata de um movimento específico do dólar frente ao real, mas sim de uma tendência global desencadeada por preocupações com a economia da China e forte queda do petróleo nesta sessão, prejudicando ativos de países emergentes sensíveis às commodities.

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