SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O imposto global sobre super-ricos proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante as reuniões do G20 pode ser de 2% da fortuna de bilionários.

O plano, ainda em fase inicial de discussão, foi detalhado a jornalistas pelo economista francês Gabriel Zucman, convidado pelo governo brasileiro, nesta quinta-feira (29).

Durante a explicação, ele frisou que a taxa exata deve variar conforme as negociações entre os países, que podem durar meses ou até anos.

"Isso é algo que precisa ser amplamente discutido por meio de discussões fiscais internacionais [...] para iniciar a conversa, fiz uma proposta específica, que é uma taxa mínima de imposto de 2% expressa como uma função da riqueza para bilionários", afirmou.

"É uma taxa de imposto muito baixa, mas ainda assim faria uma diferença significativa na taxa de imposto efetiva dos ricos. Essencialmente, ela aumentaria a maior parte da progressividade dos sistemas fiscais existentes", disse.

Zucman defendeu que o imposto mínimo seja um complemento ao imposto de renda, já que, segundo ele, hoje é muito fácil para os super-ricos evitarem o pagamento das taxas sobre a renda.

A proposta funcionaria como o estabelecimento de uma quantia mínima de impostos para bilionários.

Nesse caso, se o imposto de renda pago por um bilionário, por exemplo, não alcançar o valor referente a 2% de sua fortuna, uma taxa complementar seria acrescentada. Caso o bilionário já pague os 2% de sua riqueza no imposto de renda, ele não ficaria, portanto, sujeito ao novo imposto.

"Se a calculamos como uma fração da renda, acho que tornaria a proposta frágil, porque a noção de renda não é bem definida para os super-ricos. É por isso que, se você deseja ter um imposto mínimo sólido e vinculante sobre os super-ricos, você deve expressar esse imposto mínimo como uma fração da riqueza", disse.

Zucman confirmou que alguns países podem não ser favoráveis à proposta de taxação global, mas frisou que não é necessário consenso total para que o imposto tenha efeito positivo na distribuição global de renda.


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