O Ibovespa caiu nesta sexta-feira, 15, novamente pressionado pelas perdas da Vale, na esteira do minério de ferro e de temores em torno de uma ingerência política do governo na mineradora. Mas o cenário macroeconômico também jogou contra o desempenho da Bolsa nesta sexta, enquanto o mercado passa a ver uma chance maior de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) corte menos os juros este ano.
Esses fatores levaram o índice de referência da B3 a fechar o dia com 126.741,81 pontos - em queda não só na sessão, de 0,74%, como também na semana, de 0,26%. Ele oscilou no vermelho durante quase todo o pregão, exceto por uma alta pontual logo após a abertura, quando foi até a máxima de 127.957,49 (+0,21%). Na mínima, caiu até os 126.501,85 (-0,93%).
Vale ON cedeu 1,14% e foi novamente a principal influência negativa sobre o Ibovespa. Nesta sexta, pesou contra os papéis da mineradora a queda de 3,46% do minério de ferro na bolsa de Dalian, na China.
Segundo Raony Rossetti, CEO da Melver, uma empresa de formação de profissionais do mercado financeiro, temores de interferência política do governo também pesaram sobre a ação. "Tivemos a tentativa do governo de emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega na presidência, e agora uma dúvida sobre quem vai ocupar o cargo a partir do fim do ano, depois da saída de um conselheiro, que falou em ingerência política", lembra.
Outro alvo dos temores de ingerência política, a Petrobras, encerrou o dia entre queda de 0,22% (ON) e alta de 0,28% (PN). Na semana, os papéis da empresa, pressionados desde sexta-feira passada pelo imbróglio de não pagamento dos dividendos extraordinários, acumularam queda de 0,84% e alta de 0,55%, respectivamente. Vale ON perdeu 5,42%.
No cenário macro, às vésperas da "super-quarta" da semana que vem - quando Fed e Banco Central do Brasil terão decisões de política monetária -, o mercado diminuiu a expectativa por um corte inicial dos juros americanos já em junho. A aceleração da inflação ao consumidor nos Estados Unidos e a inflação ao produtor mais alta do que o esperado, divulgadas mais cedo na semana, continuaram repercutindo nas apostas e estabelecendo um clima de aversão ao risco.
"O movimento de hoje está muito relacionado a esse contexto da queda de juros", afirma o operador de renda variável da Manchester Investimentos Diego Faust. "No fim do ano passado, havia se criado a expectativa de que a queda dos Fed Funds fosse em março, depois maio, e agora está mais para junho, e pode ser julho. Os dados dessa semana afastaram a expectativa de uma queda no primeiro semestre."
Faust destaca que o aumento dos juros penaliza empresas da área de consumo e construtoras, por exemplo. Aqui, o índice setorial de consumo da B3, o ICON, fechou o dia em baixa de 1,75%, na mínima. As cinco maiores baixas nominais do Ibovespa foram do setor: Cogna ON (-11,74%), Yduqs ON (-9,76%), Casas Bahia ON (-7,62%), Lojas Renner ON (-6,72%) e Alpargatas ON (-6,56%).
Na outra ponta, as maiores altas ficaram com Azul PN (+6,89%), Petroreconcavo ON (+4,15%), Hypera ON (+4,03%), Braskem PNA (+3,38%) e Cemig PN (+2,97%). Dos 87 papéis da carteira teórica do Ibovespa, 22 caíram.
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