SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar continuou sua trajetória de alta e fechou com leve valorização de 0,08% nesta terça-feira (19), cotado a R$ 5,029, com todas as atenções ainda voltadas para a reunião do Federal Reserve, o banco central americano, que deve anunciar sua decisão sobre juros na quarta (20).

Na Bolsa brasileira, o Ibovespa também subiu, ainda impulsionado por avanços de ações da Vale, a empresa de maior peso no índice. A Embraer, que divulgou seus resultados do quatro trimestre na segunda (18), subiu cerca de 6% e ficou entre as mais negociadas da sessão, contribuindo para a alta.

Com isso, o Ibovespa terminou o dia em alta de 0,52%, aos 127.621 pontos, segundo dados preliminares.

"Enquanto aguarda a 'Super Quarta', o Ibovespa ganhou o apoio da alta das ações da Vale e exportadoras e seguiu na direção contrária dos pares de NY, mantendo-se em alta mesmo com volume reduzido e diante das incertezas sobre os próximos passos das autoridades monetárias", diz Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

Na ponta negativa, a Magazine Luiza registrou a maior baixa da sessão, mesmo tendo reportado uma reversão no prejuízo de R$ 36 milhões sofrido no ano passado.

O analista Felipe Moura, da Finacap, afirma que o Ibovespa vem enfrentando resistência para superar o patamar dos 130 mil pontos justamente por conta da temporada de resultados financeiros das empresas.

"É uma dinâmica muito própria que o mercado está seguindo agora, começando a dar mais importância, mais peso aos fundamentos econômicos das empresas. Os pregões vêm seguindo uma dinâmica muito pautada em cima dos resultados que as companhias estão reportando. Empresas com bons resultados estão tendendo a ter valorizações melhores, e o mercado as com resultado abaixo do esperado", diz Moura.

No câmbio, comportamento do dólar estava em linha com o visto no exterior, onde o índice que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas subia 0,25%.

O Federal Reserve deu início nesta terça-feira ao encontro de política monetária de dois dias em que deve manter os juros, de acordo com previsões de mercado. Investidores ficarão atentos a pistas das autoridades do Fed sobre seus próximos passos, num momento em que muitos operadores têm adiado apostas sobre quando o banco central fará um primeiro corte na taxa devido à resiliência da inflação nos EUA.

Junto com o comunicado de política monetária, o Fed divulgará na quarta-feira seu chamado "gráfico de pontos", que reúne projeções das autoridades para variáveis como inflação, crescimento, e, mais importante para os mercados neste momento, os juros básicos.

"Se você tem taxa de juros alta lá nos Estados Unidos -que seria o paraíso em relação ao risco, um lugar onde você tem menos risco com uma taxa de juros alta- você tem a tendência forte de que o fluxo se concentre ali. Por isso que a gente vê essa alta [do dólar] nos últimos dois, três meses; porque as previsões de queda da taxa de juros nos EUA acabaram sendo postergadas", disse Diego Faust, operador da Manchester Investimentos.

Apesar de as projeções sobre os comunicados desta semana serem praticamente unânimes, o mercado ainda aguarda sinalizações sobre os próximos passos dos juros em ambos os países.

No cenário local, a expectativa é que o Banco Central do Brasil deve realizar um corte de 0,50 ponto percentual na Selic (taxa básica de juros), mantendo o ritmo adotado nas últimas reuniões.

Já nos EUA, a aposta é que o Fed deve manter inalterados os juros do país na faixa entre 5,25% e 5,50%, sem espaço para surpresas. O mercado aguarda, no entanto, sinalizações da autoridade monetária sobre o atual estado da economia americana.

A decisão ocorre após dados recentes mostrarem um mercado de trabalho aquecido e uma inflação persistente nos Estados Unidos, o que apontou para uma economia aquecida e trouxe dúvidas sobre o início do corte de juros pelo Fed.

Atualmente, a aposta majoritária é de que o Fed deve esperar pelo menos até junho para iniciar o afrouxamento monetário nos EUA.

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