RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Vale se tornou ré em um processo da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que investiga falha em divulgação de venda de fatia em suas operações de metais básicos, em julho de 2023. A empresa diz que tomará as medidas legais cabíveis.

A acusação é feita ao vice-presidente da Finanças e Relações com Investidores da companhia, Gustavo Pimenta, que comanda a área responsável pela divulgação de informações ao mercado.

Ele era citado como um dos candidatos a substituir Eduardo Bartolomeo no comando da empresa, durante o conturbado processo de sucessão que ganhou contornos políticos após pressão do governo para emplacar o ex-ministro Guido Mantega.

A CVM não dá detalhes sobre seus processos. As informações públicas indicam que Pimenta foi indiciado após reportagem do jornal "Valor Econômico" que antecipou negociações da companhia para vender um pedaço de sua unidade de metais básicos.

A mineradora brasileira vinha buscando alternativas para capitalizar suas operações em metais básicos, mirando investimentos em minerais usados em baterias, cuja demanda tende a crescer nos próximos anos, e anunciou o fechamento do negócio em julho de 2023.

Compreendeu a venda de 13% da VBM (Vale Base Minerals), maior produtora de níquel da América do Norte e uma das maiores empresas de cobre do mundo, à saudita Manara Minerals e ao fundo americano Engine No.1.

Segundo a empresa afirmou na época, a transação de US$ 3,4 bilhões (R$ 16 bilhões) aceleraria o crescimento neste setor. Com a entrada dos novos sócios, afirmou, a Vale teria capacidade para investir até US$ 30 bilhões (R$ 144 bilhões) ao longo da próxima década.

Dois dias antes, o "Valor Econômico" havia reproduzido reportagem do "Wall Street Journal" sobre a proximidade do fechamento da transação. Questionada pela CVM sobre o assunto, a empresa respondeu que havia negociações em andamento, mas ainda não concluídas.

Em nota, a companhia informou que "teve acesso aos autos do processo administrativo sancionador instaurado pela Comissão de Valores Mobiliários" e que seu vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores tomará as medidas legais cabíveis

A Vale vive em 2024 um momento conturbado, com as idas e vindas do processo de sucessão de Bartolomeo, cujo mandato vence em maio. Após empate entre os conselheiros em reunião que definiria seu futuro, a companhia decidiu estender o mandato até escolher um novo executivo.

Nesse processo, se tornou alvo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que queriam emplacar Mantega como sucessor.

Após a decisão de estender o mandato de Bartolomeo, um dos conselheiros contrários à ideia renunciou ao cargo com uma carta em que afirmou que o processo de sucessão foi afetado por manipulação, conflitos de interesse e agendas pessoais de seus participantes.

Segundo ele, houve no debate "nefasta influência política". "No conselho se formou uma maioria cimentada por interesses específicos de alguns acionistas lá representados, por alguns com agendas bastante pessoais e por outros com evidentes conflitos de interesse", disse.


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