Internet para crianças É possível trabalhar temas como arte, cidadania e cultura na internet de uma maneira lúdica e saudável para as crianças
*Colaboração
16/04/2008

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A internet sempre foi vista como um território praticamente proibido para as crianças graças às ameaças de conteúdos violentos ou demasiadamente erotizados. Mas especialistas afirmam que é possível deixar os pequenos conectados desde que haja acompanhamento, comprometimento e bom senso por parte dos pais.
Pelo menos, é nisso que acredita a doutora em Artes e professora em três faculdades de Juiz de Fora, Priscilla de Paula (foto abaixo). A profissional garante que existem alternativas interessantes para fazer da internet uma ferramenta a mais na educação das crianças.
Segundo a professora, o site ideal para crianças é aquele que contém imagens
interessantes, muitas cores, sons porque a criança busca informação visual e a
questão sensorial tem que ser bastante estimulante para chamar a atenção. "Diferente
dos adultos, que vão para a internet em busca de informação e conteúdo, a criança
busca algo que lhe desperte a atenção"
, explica.
Em relação ao conteúdo, Priscilla fala que o importante é que esse conteúdo seja
também acessível aos pais, para permitir a interação deles com seus filhos.
"Não
adianta mandar a criança ligar o computador e ficar lá sozinha enquanto o pai trabalha.
É preciso interagir com ele para que o conteúdo seja assimilado da melhor maneira
possível"
.
Além de colorido e com assuntos didáticos, o site tem que ser fácil de navegar, senão acaba dispersando a atenção da criança. Outro detalhe importante é o design, ele tem que ser facilmente reconhecido pela criança.
Formação motora, sensorial e intelectual da criança podem ser exploradas através de temas relacionados à cultura, artes, cidadania, conscientização ambiental, através de jogos, questionamentos, histórias, músicas e histórias de uma forma lúdica e leve, porém, séria e responsável.
Responsabilidade
Priscilla atenta para a importância da participação dos pais na navegação dos
pequenos. "A internet é muito bacana, mas, ao mesmo tempo, é muito aberta, é
responsabilidade dos pais ensinar as crianças a usarem essa ferramenta. É fundamental
prestar atenção na faixa etária indicada para cada site porque a criança não assimila
as coisas da mesma forma que um adulto. Conteúdos violentos ou erotizados são
perigosos na formação deles"
, diz.
A criança não deve estar sozinha na hora da navegação, a presença dos pais é fundamental
para o controle dos conteúdos acessados, para isso, Priscilla aconselha a colocar
o computador em uma área social da casa.
"A internet está presente na vida das
crianças desde muito cedo, não tem mais como fugir dessa realidade. O que precisamos
é ficar atentos ao que as crianças estão acessando"
, orienta.
É importante também que a internet não seja a única atividade da criança. Conviver com outras crianças, brincar, ler, escutar música, estudar são atitudes fundamentais. Isso promove um desenvolvimento saudável e a criança aproveita todas as possibilidades que a tecnologia oferece, além de não perder os benefícios do contato interpessoal. A internet deve ser um complemento no desenvolvimento intelectual infantil e não a única forma de adquirir conhecimento e entretenimento.
Os livros
É preciso cautela na hora de usar a internet. Suas cores e sons fascinam as crianças e são úteis no processo educacional, mas existe um recurso antigo, porém muito eficiente que não deve ser abandonado. Trata-se dos livros (leia matéria). Objetos simples, capazes de exercitar a imaginação e a criatividade das crianças de uma forma também lúdica e divertida.
Priscilla espera que, assim como a televisão não fez o livro 'morrer', a internet
também não consiga isso, porque são experiências muito diferentes e importantes para
o enriquecimento da bagagem cultural da criança.
"A experiência da leitura é
individual, subjetiva e silenciosa. O livro permite que a criança construa imagens
na cabeça, coisa que a internet não consegue, porque ela já oferece essas imagens
prontas"
, enfatiza
Livros e internet não se substituem, são apenas atividades diferentes e os pais têm que ensinar aos seus filhos como extrair o melhor dos dois mundos e deletar o que for negativo. É impossível excluir o virtual de nossas vidas, mas é preciso lembrar sempre que o real está aí, ao alcance dos olhos e não pode ser desprezado.
*Marinella Souza é estudante de Comunicação da UFJF