Viés Socrático e o parto das ideias enquanto caminho pedagógico
A presente coluna pretende, mesmo que de forma breve, apontar para o viés pedagógico socrático-platônico dialógico, isto significa ter como base Sócrates. Tal viés consiste não propriamente no ensino da filosofia, mas no fazer filosofia. A base metodológica é o diálogo enquanto princípio pedagógico.
Tal diálogo não significa e também é diferente de mera conversa, como aponta o próprio Juarez Sofiste (professor de Filosofia da UFJF) ao citar Paulo Freire, na “Pedagogia da Esperança”: O diálogo, na verdade, não pode ser responsabilizado pelo uso distorcido que dele se faça. Por sua pura imitação ou por sua caricatura. O diálogo não pode converter-se num "bate-papo" desobrigado que marche ao gosto do acaso entre professor ou professora e educandos. (FREIRE, 1992 p. 118). Eis o caráter de Investigação Dialógica enquanto referenciais teóricos, pois vai além do mero bate papo e possui princípios tais como:
Filosófico, que leva em conta, e considera a realidade como sendo dinâmica e que “natureza” e sociedade não são entidades acabadas e/ou estáticas, mas em continua transformação, jamais estabelecidas definitivamente; a realidade é entendida como um processo contínuo, portanto, a síntese não é o termo final, mas já é “em si mesma uma nova tese que pode ser negada e produzir uma nova síntese”.
Antropológica, que remete ou parece apontar para algo que é próprio do humano, aprender, um processo de abertura para o mundo/ condição de possibilidade, é “o espanto, é o perguntar, é o problematizar o mundo” como o próprio autor Sofiste do texto supracitado afirma, isto também remete ao aprender a dialogar, e aprender investigar, um processo de aprendizagem constante.
Epistemologia, onde do ponto de vista epistemológico é a pergunta que irá possibilitar a abertura / superar a lógica da afirmação, tal postura epistemológica requer uma postura de humildade, pois em cada “afirmação” subjazem novas questões, isto significa que para cada problema aparentemente resolvido, se dará novas questões.
Pedagógica, partindo do seu sentido etimológico, onde educar é possibilitar o humano, é aí que se dá a relação direta da educação com investigação, pois considera o princípio antropológico da abertura para o mundo.
Essas considerações aqui expostas de maneira sucinta nos possibilitam pensar na concepção de filosofia em seu verbo filosofar. O que aponta para a “proposta” pedagógica socrática que consiste, não propriamente no ensino da filosofia, mas no fazer filosofia.
Na investigação dialógica (base metodológica no diálogo), enquanto princípio pedagógico, o filosofar se torna mais dinâmico e se faz não propriamente no ensino da filosofia, mas no fazer filosofia, isto é, passando do ensino de filosofia, da cultura filosófica para o filosofar à moda socrática ( maiêutica / μαιευτικη — maieutike — “parir” o conhecimento ou “arte de partejar”). É dessa atitude filosófica socrática que se dá o “nascer das ideias” bem como o seu desenvolvimento.
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