História de amor é pano de fundo para dicas de cultura

Por

História de amor é pano de fundo para dicas de culturaEm Uma paixão por cultura, Carlos Eduardo Paletta Guedes mostra os maiores compositores, os melhores filmes e os livros indispensáveis

Clecius Campos
Repórter
16/7/2009

Até onde você iria para conquistar um grande amor? O advogado Fábio preferiu fingir que era culto e profundo para arrebatar o coração da jovem Thaís, estudante de jornalismo. Uma paixão por cultura, primeiro romance do também advogado Carlos Eduardo Paletta Guedes, conta a aventura de Fábio em meio às maiores obras culturais de todos os tempos, para que sua farsa frente a culta, mas nem tão erudita Thaís seja bem sucedida.

Foi essa a forma que Guedes encontrou para realizar o sonho de envolver leitores com a cultura. "Sempre quis escrever um livro que passasse dicas culturais. Encontrei na ficção uma maneira mais agradável e mais interessante de expor esse mundo aos leitores. Escolhi uma história de amor porque são as mais clássicas".

Para que tudo dê certo, Fábio recorre a um amigo que, via e-mail, encaminha listas contendo imortais, semideuses e compositores de gênio da música clássica, os cem melhores filmes de todos os tempos e os livros indispensáveis. Quanto mais cultura absorve, mais Fábio aproxima-se de Thaís e mais se mostra interessado pela arte. "Em uma parte da história, o personagem principal percebe que gosta daquilo e não entende como havia ignorado essas manifestações ao longo de sua vida."

Foi buscando referências em estudiosos e publicações de música erudita, literatura e cinema que o escritor compôs as dicas recebidas por Fábio. Rankings listados pelo estudioso de música clássica Phil G. Goulding, pelo crítico literário norte-americano Harold Bloom, por publicações nacionais e até a lista das óperas mais encenadas no Metropolitan de Nova Iorque foram usados como base de pesquisa. "Aprendi muito escrevendo o livro e tive que voltar a ter contato com toda essa cultura já que a estaria utilizando de forma mais focada."

Além das listas, experiências vividas fora do Brasil ajudaram na elaboração da obra. "Em minhas viagens, sempre privilegiei o turismo cultural. Dessa forma tive contato com grandes obras, como pinturas de Picasso, de Leonardo Da Vinci e até a Capela Sistina vi de perto. Essa vivência me permitiu entendimento para escrever o livro." Guedes já esteve em cidades como Chigaco, Nova Iorque, Praga, Londres, Paris e na Nova Zelândia.

O elaboração da obra, no entanto, esteve longe de ser cansativa para o escritor, que além de advogar também é professor universitário. "Escrevi em meus momentos de folga, finais de semana e depois do trabalho. As pessoas me perguntavam: 'Mas você não fica cansado?' O cansaço não aparecia porque foi um trabalho realizado com prazer."

Do jurídico à metalinguagem

Guedes tem dois livros de direito trabalhista publicados, além de uma coautoria e uma colaboração em outra obra jurídica. Segundo o advogado, existe um abismo em escrever juridicamente e compor um romance. "O direito pede uma exigência de atualização, que envolve alterações de leis, novos entendimentos de jurisprudências e uma preocupação técnica muito grande, para estar de acordo com o ordenamento jurídico. Já no romance, a parte mais desafiante é saber dar um norte interessante aos personagens, diante de possibilidades que são infinitas, já que somos deuses de seus destinos."

E o destino traçado por Guedes é de que Fábio escreva a própria história. "Ele fica tão apaixonado pela cultura e por Thaís, que resolve dividir com todos sua trajetória e experiência. Por isso o discurso é em primeira pessoa."

Aval de Fernando Sabino

Aos 16 anos de idade, Guedes enviou um conto a um de seus ídolos, o escritor Fernando Sabino. Sem esperar resposta, ficou surpreso com uma correspondência de volta, que não só felicitava o então adolescente pelo interesse em ser um escritor como trazia um elogio. Na carta, Sabino salientou que o texto de Guedes revelava "qualidade de expressões literárias que certamente lhe proporcionarão uma brilhante carreira como escritor", lembra envaidecido.

Lançamento nacional

Uma paixão por cultura será lançado nacionalmente na próxima sexta-feira, dia 17 de julho, com noite de autógrafos numa livraria da cidade. O livro tem 152 páginas e custa R$ 28,60*. A primeira edição conta com cinco mil exemplares.

*Valor informado em julho de 2009

Os textos são revisados por Madalena Fernandes