O berço da Educação na história da humanidade deu-se na Grécia Antiga, entre os séculos V e VI a.C. Foi nesse sentido que surgiu a Paidéia que pode ser designada como o ideal de educação contemplado pelos gregos, buscando maior formação do indivíduo, nos sentidos sociais, políticos, culturais e educacionais propriamente ditos. Nesse itinerário, a compreensão de Paidéia não pode ser traduzido simplesmente como educação, significa muito mais que isso, significa também cultura, instrução e formação do homem em seu sentido mais amplo. Este termo começou a ser utilizado no séc. IV a.c. e nesta época significava apenas a criação dos meninos. Mas o seu significado se alargou e passou a designar também o conteúdo e o produto dessa educação. Tornas- e claro, porque, a partir do séc. IV os gregos deram o nome de Paidéia a toda a sua tradição (LOBATO, 2001, p. 1). 

Como, porém, trazer este termo em seu sentido para os dias de hoje? Podemos pensar contemporaneamente na Paidéia e até no contexto pandêmico no qual estamos enfrentando, o fato de que os pais precisaram participar, mesmo que não somente no conteúdo de ensino, mas na educação de seus filhos enquanto cidadão, o que envolve valores éticos, morais, políticos, sociais, etc. A educação enquanto ato de conduzir, neste sentido, não está entregue somente aos professores, mas também aos pais que hoje acabaram se tornando mestres da condução de formação ampla de seus filhos.

Em uma sociedade capitalista, extremamente consumista, e em uma era tecnológica, a tendência é a formação para o mercado, de seres autômatos, fazendo- se necessário, e fundamental um projeto – uma reflexão do papel da educação e sua contribuição de um pensamento crítico, reflexivo e autônomo, um projeto educacional que atue como uma “arma” poderosa na vida, e no desdobramento social do “individuo”, se estendendo amplamente na vida social dos envolvidos contribuindo para formação em uma dimensão holística com um todo, isto é, educação como projeto/ projeção de amplitude humanista e formação cidadã; desenvolvimento do homem em todas as suas potencialidades, de tal maneira que torna- se um melhor cidadão.

Resgatando e retomando o próprio conceito grego de Paidéia, e relacionando-o a presente coluna, podemos pensar no desenvolvimento de uma formação geral, integral do homem como cidadão, formação como um exercício de cidadania crítica, da qual requer cada vez mais integração- interdisciplinaridade (que é uma característica por excelência da Filosofia) dada à complexidade da vida social na sociedade contemporânea.

A Educação em seu diálogo intrínseco com a Filosofia no que tange a Paidéia deve ser simultaneamente, autonomia, racionalidade, amplitude e possibilidade de ir além da mera adaptação, tornando-se caminho para uma formação cidadã, humanística, não somente restrita ao interior de uma escola, mas que leva em pauta o âmbito político, social, ético- moral, artístico, etc. em outras palavras, que seja ampla e holística. 

Referências

CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. SP: Ática, 1995.

LOBATO, V.D.S. Revistando a Educação na Grécia Antiga: A Paidéia. Trabalho de Conclusão de Curso de Pedagogia apresentado ao Centro de Ciências Humanas e Educação da Universidade da Amazônia. UNAMA: 2001.

PEREIRA, M.H.R. Estudos de história da cultura grega. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1971.

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