Inflação de alimentos: causas, consequências e o que fazer?

Por

Fernando Agra 14/07/2008


Infla??o de alimentos: causas, consequ?ncias e o que fazer?


Atualmente, a cont?nua e generalizada eleva??o nos pre?os dos alimentos tem preocupado os agentes econ?micos no mundo todo e no Brasil n?o pode ser diferente. Mas o que realmente tem sido respons?vel por essa situa??o? Quais as conseq??ncias para a economia brasileira e o que fazer para "driblar" essa alta dos pre?os?

Como s?o conhecidos na literatura econ?mica, alguns dos mais estudados tipos de infla??o s?o: a de demanda e a de custos. No caso da infla??o dos alimentos podemos observar os dois tipos destacados. O elevado crescimento econ?mico apresentado pela China nos ?ltimos anos tem contribu?do para ampliar o n?vel de emprego e, com isso, muitas pessoas que viviam ? margem do consumo passaram a demandar mais. E quando a renda e o emprego crescem, pessoas que sobreviviam abaixo da linha de pobreza passam a consumir, de in?cio, bens de primeira necessidade, que ? o caso dos alimentos.

Aqui no Brasil, o crescimento econ?mico tamb?m tem gerado mais empregos e impulsionado o consumo. Os pr?prios programas assistencialistas do governo tamb?m t?m contribu?do para impulsionar a demanda por alimentos. E com isso, a fome (em alguns pa?ses e especificamente em determinadas regi?es do Brasil), que durante muito tempo foi um problema de insufici?ncia de demanda, passou a ser um problema de falta de oferta.

Nos Estados Unidos, a produ??o de milho para a feitura de etanol tem reduzido a oferta deste alimento para os animais, bem como para a popula??o de um modo geral. Al?m do que, ?reas cultivadas com outras culturas aliment?cias t?m sido substitu?das pelas planta?es de milho. Isso diminui a oferta geral de alimentos para a popula??o em rela??o ? demanda e, com isso, pela velha e conhecida Lei da Oferta e da Procura, esse excesso de demanda (ou escassez de oferta, que ? a mesma situa??o) faz os pre?os subirem.

O governo estado-unidense critica a produ??o da cana-de-a?car no Brasil e argumenta que a mesma tamb?m tem diminu?do a produ??o de alimentos. Especialistas na ?rea dizem que no caso brasileiro, dada ? enorme ?rea agricult?vel do Pa?s, h? espa?o suficiente para a conson?ncia entre a produ??o de cana para a elabora??o do etanol e a produ??o dos demais alimentos. O que n?o acontece nos EUA.

No que diz respeito ? infla??o de custos, as sucessivas eleva?es no pre?o do petr?leo nos ?ltimos meses (praticamente dobrou neste ?ltimo ano) tem contribu?do para aumentar o custo de produ??o dos alimentos. E com isso, os produtores repassam esse ?nus ao pre?o final dos produtos.

Como sempre, quem mais sofre com essa situa??o s?o os mais pobres, que possuem uma maior propens?o a consumir (destinam maior parcela da sua renda ao consumo do que as classes mais ricas). E vale ressaltar que quanto mais pobre ? o indiv?duo, maior ? a propens?o a consumir g?neros de primeir?ssima necessidade, que s?o os alimentos. Com a alta dos pre?os destes, o poder de compra dessa classe ? o mais afetado. Ela fica mais pobre ainda e com isso pode-se verificar um efeito-substitui??o (as pessoas buscam substituir os alimentos que mais subiram de pre?o pelos menos caros) e um efeito-renda (a alta dos pre?os diminui o poder de compra do indiv?duo, que com isso, passa a demandar menos dos bens que normalmente ele consome). Esses dois efeitos conjugados diminuem o horizonte de consumo da classe trabalhadora, que diminuir? tamb?m, por tabela, a demanda em outros segmentos da economia (vestu?rio, lazer, bens de consumo dur?veis etc.).

E o que fazer diante dessa situa??o? O consumidor dever?, como j? foi mencionado acima, procurar substituir os bens mais caros pelos que subiram menos de pre?o, a priori, sem comprometer demasiadamente a qualidade. O desperd?cio que sempre deve ser evitado, agora seu combate passa a ser extremamente importante. E no caso do governo, o mesmo deve buscar alternativas que estimulem a amplia??o da produ??o agr?cola. Uma vez que juros altos n?o surtem muitos efeitos na diminui??o da demanda por alimentos, uma vez que o indiv?duo precisa e necessita se alimentar. Isso quer dizer que a demanda por alimentos ? pouco el?stica frente a aumentos nas taxas de juros.


Fernando Ant?nio Agra Santos ? Economista pela UFAL (Universidade Federal de Alagoas), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Vi?osa (UFV) e professor universit?rio das faculdades Vianna J?nior, Est?cio de S? e Universo e do curso de Forma??o Gerencial do Instituto Educacional Machado Sobrinho, sendo todas a institui?es em Juiz de Fora - MG.

Sobre quais temas (da ?rea de economia) voc? quer ler novos artigos nesta se??o? O economista Fernando Agra aguarda suas sugest?es no e-mail negocios_economia@acessa.com.