Artes?os Mais do que aprender, ? preciso nascer com o dom. Artes?os do Parque Halfeld falam sobre o que acham do cadastramento dos profissionais

Renata Solano
*Colabora??o
14/12/2007

Fazer artesanato como forma de terapia ou distra??o j? ? algo comum entre as pessoas, mas fazer do artesanato o ganha p?o e, portanto, uma profiss?o... isso j? soa meio estranho!

Dessa forma, engana-se quem acredita somente na primeira possibilidade. Mais de 40 artes?os fazem exposi??o de seus produtos na feira da pra?a do bairro S?o Mateus.

E, segundo o diretor do Departamento de Aten??o ao Cidad?o e coordenador da Comiss?o para regulamenta??o da profiss?o, Anderson Barbosa, a expectativa ? de que haja o cadastramento de 150 profissionais que trabalham no Parque Halfeld e no cal?ad?o da Rua Halfeld.

H? mais de 30 anos na profiss?o, a artes? Ione Maur?cio (no v?deo), acredita que a regulamenta??o do artesanato como profiss?o e a tranfer?ncia desses profissionais para o bairro Salvaterra n?o vai ser um pol?tica positiva.

"L? ? muito longe, n?s n?o temos condi?es de nos mover para o Salvaterra e, ainda por cima, n?s vamos vender para quem? Para os caminhoneiros? Aqui no centro da cidade j? ? dif?cil conseguir fregu?s, l? ent?o", questiona Ione.

Foto de artesanato Foto de artesanato Foto de artesanato
Sobre a profiss?o, Ione acredita que somente o dom ? que faz um bom artes?o. "? igual cozinheiro, voc? pode aprender a se virar na cozinha, mas preparar uma boa comida, s? se tiver dom e dedica??o mesmo", explica.

Foto de Hort?ncia bordando J? a artes?, Hort?ncia Guerra (foto ao lado), que trabalha h? 17 anos com produtos artesanais acredita que a profiss?o ? um pouco dif?cil porque, na maioria da vezes, ? preciso pagar para trabalhar. "N?s temos um gasto com material, transporte, energia el?trica e, n?o temos como definir um sal?rio. Algumas vezes, a gente vende bem, outras n?o consegue vender quase nada", lamenta.

Hort?ncia conta, que a prefeitura est? fazendo o cadastro dos artes?os para que eles consigam trabalhar sem nenhum empecilho da fiscaliza??o (confira a mat?ria) e para distribui??o de espa?o e uso de solo.

"N?s usamos essas barracas do Parque Halfeld, mas pagamos uma taxa anual para termos esse direito, no entanto, em ?pocas de chuva fica mais complicado porque n?o temos muita prote??o", afirma Ione. Para isso, Hort?ncia conta que os artes?os compram as mesas e tamb?m as capas pl?sticas de prote??o contra o mal tempo.

As artes?s contam que a profiss?o ? maravilhosa. "? uma higiene para a minha cabe?a e alma, fico pintando, bordando e costurando, assim nem vejo o tempo passar", defende Ione.

Pioneirismo e hist?ria

Foto de Ernesto Priamo Com seus 13 para 14 anos, por volta de 1974, Ernesto Jos? Priamo (foto ao lado) foi um dos pioneiros da atual feira de artesanato da rua Halfeld. "Vi tudo acontecer nesse local, por muitos anos a feira cresceu do meu lado e n?s - ?ramos eu, meu atual cunhado e mais dois casais - chegamos a formar uma associa??o de artes?os da qual meu pai chegou a ser presidente", lembra.

A associa??o tinha o papel de tentar defender a classe contra a pol?tica que queria dominar o espa?o dos artes?os com taxas e regras. "Hoje, acho que tem que ter mais for?a esse mercado, as pessoas precisam bater o p? e defender seus direitos, porque ? um direito regulamentado pelo decreto assinado em 1974 pelo ent?o presidente", opina Ernesto.

O artes?o conta que a arte faz parte de sua vida e que ? uma coisa que vem de dentro para fora. "? preciso ter amor, aptid?o e dom para ser um bom artes?o, s?-lo por pura conveni?ncia n?o faz sentido algum", defende.

Hoje, Ernesto mora no exterior do pa?s, na Fl?rida, e trabalha com marcenaria. Ele contou ? nossa equipe, por telefone, que a arte l? ? mais fria, no sentido em que a cultura de expor em pra?as e que o contato entre artes?o e consumidor ? inexistente. "As pessoas compram muita arte, valorizam demais, mas a proced?ncia desses objetos ? sempre de lojas, porque n?o tem feiras como h? no Brasil", esclarece.

*Renata Solano ? estudante de Comunica??o Social da UFJF