Mercado para VJs começa a crescer em Juiz de Fora
Os VJs trabalham em conjunto com os DJs e usam a
imagem para dar prazer visual
Repórter
18/06/2008
Ser VJ é ser um meio de passagem, uma intervenção. Assim, a profissão é definida por Rômulo Veiga e João Paulo Oliveira. O primeiro está no mercado há dois anos, enquanto o outro ainda experimenta o início da carreira. Trabalha há alguns meses exibindo vídeos na noite de Juiz de Fora.
Para João, a imagem é um meio de proporcionar prazer às pessoas, trazendo a
subjetividade à tona. "A sociedade está muito introspectiva e a música e a imagem fazem com que elas
interajam dentro do próprio campo"
, explica.
Para o DJ Kureb, o vídeo funciona como uma idéia na cabeça das
pessoas que estão ouvindo a música. "Por mais simples que sejam, só pela cor, eles
cumprem essa função"
.
Prova de que a imagem casa bem com a música eletrônica são as raves. Essas festas
foram as responsáveis por criar nichos de mercado para os VJs na cidade. "Elas
trouxeram o padrão para Juiz de Fora, apesar de nessas festas a maioria das pessoas
não prestar a atenção nos telões, o que faz perder o sentido estético"
, comenta Rômulo.
Os telões já existem nas casas noturnas da cidade há muito tempo, mas vídeos com conteúdo
começaram a ser disponibilizados há pouco.
Os dois comemoram o fato de o trabalho dos VJs ser reconhecido
pelos juizforanos.
"Só agora podemos perceber a existência de VJs com estilos diferentes"
.
Porém, Rômulo diz que o trabalho é feito mais por prazer. "Não é remunerado"
,
garante. O prazer está no fato de ser um trabalho definido, por ele, como alegórico.
"Ele constrói sensações e elas podem ser boas ou ruins, dependendo se o vídeo é mais
pesado ou não"
, completa.
Construção a partir de recortes
Rômulo também define o trabalho de VJ como orgânico, pois as imagens são recortadas por eles
de acordo com o ritmo da música. "Quem dita o ritmo é o DJ e nós cortamos, na hora,
de acordo com a música"
. Por isso, da mesma forma que existem DJs com estilos
diferentes, também existem VJs cada um com seu estilo, já que a imagem caminha junto com
a música.
As músicas mais pesadas pedem imagens mais chocantes, como atropelamentos e cirurgias.
Para o estilo space, os vídeos de ficção científica são uma boa pedida.
Para as mais dançantes e house, vídeos mais coloridos casam melhor. Todos eles são produzidos a
partir de recortes que já existem, que podem ser vídeos retirados da internet, de filmagem própria
ou de filmes clássicos.
A partir desta base, os decks são produzidos. A vantagem é que a partir da mistura
e da repetição, um vídeo de dois minutos de imagem, vira um de trinta. "Fazemos colagens com
filmes que, a princípio, não teriam nada a ver"
, diz João Paulo, que produz seu material
a partir do cinema. "Gosto de trabalhar com filmes mais alternativos do meu repertório, com cenas
de ação"
.
Rômulo prefere usar vídeos da internet e também suas próprias filmagens.
"Já fiz muitas
imagens da cidade, já filmei a galera na pista e reproduzi no telão, com alguns efeitos"
.
Para ele, a internet é aliada. "Existem sites que disponibilizam programas e decks inteiros"
.
João Paulo recorre aos DVDs para produzir seu material.
Internet e DVDs são tão importantes, porque a pesquisa é considerada um elemento fundamental para
a produção dos decks. Rômulo a considera mais importante até que a criatividade.
"O principal é encontrar imagens que satisfaçam as pessoas e nos satisfaça
também. Somos um meio de passagem"
.
Ao longo desses dois anos, Rômulo tem cerca de 12 Giga de imagens em seu computador.
Ele considera uma quantidade grande, mas revela que muita coisa ele não usa mais, porque
as imagens vão defasadas, assim como as músicas dos DJs. Por isso, o VJ trabalha sempre
para produzir coisas novas.
Mesmo com tanta pesquisa e criatividade para produzir os decks,
eles admitem que não há como captar as pessoas que estão na pista.
"Quem gosta, só fica olhando. Para outros, os vídeos não fazem a
mínima diferença"
.
Como se preparar
João Paulo nunca viu curso de preparação para VJ, mas diz que existem cursos que
ensinam a empregar as ferramentas para desenvolver os vídeos e usar efeitos especiais.
Porém, ele diz que conhecimentos técnicos são importantes. "É necessário
saber ligar o computador no data show e para isso a pessoa precisa de senso técnico"
.
Rômulo e João Paulo são publicitários e trabalham diretamente na área de criação para rádio e TV, o que contribui para a produção dos vídeos. Segundo ele, algumas faculdades que oferecem curso de comunicação costumam passar conhecimentos em vídeo e design para os alunos.