RIO DE JANEIRO, RJ (UOL-FOLHAPRESS) - A Associação dos Cronistas Esportivos do Paraná suspendeu o jornalista Thiago José Lucca, que fez ameaças a Guilherme Pinheiro, dono do canal Flazoeiro, na tribuna de imprensa na Arena da Baixada. O episódio aconteceu após a vitória do Flamengo sobre o Athletico-PR, que classificou a equipe carioca à semifinal da Copa do Brasil.

De acordo com o documento, assinado por Greyson Assunção, presidente da associação, e Daniel Piva, diretor jurídico, Thiago está suspenso preventivamente pelo período de 120 dias. Ainda segundo a nota, o estatuto da entidade indica que ele tem "10 dias corridos para apresentar a sua defesa".

A Associação de Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro (Acerj) também se pronunciou e elogiou a decisão dos paranaenses. "Em vista dos fatos registrados, a ACERJ manifesta seu posicionamento de desagravo ao associado Guilherme Pinheiro e aplaude a decisão de sua coirmã ACEP.PR de se desculpar com nosso associado e aplicar medidas cabíveis ao infrator".

Pouco após o apito final da partida, realizada ontem (17), Guilherme iniciou uma transmissão em seu canal no YouTube. Thiago Lucca, que nas redes sociais se identifica como "responsável pelo jornal Pilarzinho Notícias e repórter na Rádio Trio de Ferro", entrou no quadro da imagem e falou:

"Calma, calma. Essa casa tem dono. Aqui quem manda é o Athletico". O dono do canal "Flazoeiro" ponderou que não estava desrespeitando o Furacão e falava apenas sobre o técnico Dorival Júnior.

Guilherme continuou o vídeo e Thiago voltou a falar com ele, desta vez, em tom de ameaça: "Vou arrebentar esse celular se ficar fazendo essa palhaçada. Vai lá fora".

Mais cedo, o UOL Esporte conversou com Guilherme, que explicou que, passado o episódio, tentou falar com os jornalistas que tinham feito a abordagem, mas os ânimos ainda estavam exaltados.

"Quando acabei de fazer o vídeo, uns 15 minutos depois, imaginei que os caras pudessem ter esfriado a cabeça e fui tentar conversar, mas foi a mesma coisa. Vi que não ia adiantar e, então, desci [da tribuna] para fazer a coletiva e o trabalho que tem de ser feito. Eu sou um cara muito de boa. Acho que ali acabou sendo uma situação de jogo... O cara não pode fazer, mas estava de cabeça quente e tal. Eu nem cheguei a tocar no assunto nas minhas redes", disse.

O dono do canal "Flazoeiro" disse que, ainda na Arena da Baixada, foi procurado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que indicou ter visto o vídeo, e pela assessoria do Athletico, que solicitou o registro do episódio. Segundo o UOL Esporte apurou, a CBF analisa o caso.

Em um vídeo publicado no Instagram, Airton Cordeiro Filho, que se identifica como um dos donos da Rádio Trio de Ferro, fez um pronunciamento e disse que Guilherme teria colocado os equipamentos na bancada da rádio e feito "gesticulações à torcida do Athletico".

O Flamengo emitiu uma nota oficial sobre os diversos casos que ocorreram na noite de ontem, lamentando o "triste registro de violência e desrespeito contra torcedores flamenguistas e jornalistas que cobrem o clube". Sobre o episódio entre Guilherme e Thiago, o Rubro-Negro indicou que:

"Após o jogo, um jornalista foi intimidado e ameaçado por profissionais ou pessoas igualmente credenciadas pelo Athletico Paranaense, no momento em que fazia seu trabalho, sem ter tido nenhuma postura ofensiva que justificasse tal atitude", apontou em trecho do documento.

VEJA NOTA DA ACERJ

"A Diretoria da ACERJ reuniu nesta quinta, 18 de agosto, sua Comissão de Ética para analisar um fato ocorrido na Arena da Baixada, em Curitiba, após o jogo Athletico x Flamengo pela Copa do Brasil. O associado ACERJ Guilherme Pinheiro foi questionado, em pleno exercício de sua atividade, de modo não convencional, hostil até, pelo associado ACEP-PR Thiago Luca em razão de seu relato emocionado e eufórico ao seu público (o Canal de You Tube "Flazoeiro") diante da vitória do Flamengo.

Ora, relatos eivados de emoção são a tônica das transmissões esportivas, no rádio, na TV e, agora, nas novas mídias como canais de You Tube e Web rádios. Em nenhum momento houve desrespeito ou ofensa do cronista Guilherme aos demais colegas na tribuna de imprensa ou mesmo ao Clube Athletico Paranaense. Ao contrário, ele foi desacatado e ameaçado, mas manteve uma postura de não-reação, até tentando se defender de acusações inverídicas.

Em vista dos fatos registrados, a ACERJ manifesta seu posicionamento de desagravo ao associado Guilherme Pinheiro e aplaude a decisão de sua coirmã ACEP.PR de se desculpar com nosso associado e aplicar medidas cabíveis ao infrator.

Reafirmamos, aqui e diante da crônica esportiva, nossos propósitos de convivência harmoniosa entre os cronistas esportivos em busca da melhor informação e melhor análise que possa ser levada ao público amante do futebol".

VEJA NOTA DO FLAMENGO

"O Clube de Regatas do Flamengo lamenta que, num momento onde se comemoram grandes jogos do futebol brasileiro e, especialmente, nossa classificação às semifinais da Copa do Brasil, tenhamos o triste registro de violência e desrespeito contra torcedores flamenguistas e jornalistas que cobrem o clube.

Infelizmente foi o que vimos em nosso jogo desta quarta-feira, na cidade de Curitiba, contra o Athletico Paranaense.

Já na entrada da Arena da Baixada, torcedores rubro-negros foram obrigados a tirar os sapatos para acessar o estádio, inclusive senhores de idade e mulheres, sem falar na apreensão de adereços que não apresentam nenhum risco e que sempre foram permitidos nos estádios, sem contrapartida de igual revista na torcida mandante.

No entorno da Arena da Baixada, flamenguistas foram recebidos com agressividade e objetos arremessados, ação que se repetiu contra os nossos atletas em campo no decorrer da partida.

Após o jogo, um jornalista foi intimidado e ameaçado por profissionais ou pessoas igualmente credenciadas pelo Athletico Paranaense, no momento em que fazia seu trabalho, sem ter tido nenhuma postura ofensiva que justificasse tal atitude.

No final da noite, em um restaurante em Curitiba, torcedores do Athletico Paranaense expulsaram do local uma família rubro-negra, com mulheres e crianças, com truculência e falas racistas.

É deplorável e inaceitável que ainda haja espaço para este tipo de conduta ultrapassada no futebol brasileiro.

O Flamengo solicitará que a CBF e as autoridades competentes tomem as providências cabíveis para punição dos envolvidos e para que esse tipo de atitude seja banida de vez do nosso futebol".


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