SANTOS E SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - A derrota do Santos para o Goiás, nesta segunda-feira (5), fez Lisca passar a noite praticamente em claro. Decepcionado com o resultado de 2 a 1, na Vila Belmiro, o técnico chegou em casa no início da madrugada e, sem conseguir dormir, foi ver a partida de tênis entre o espanhol Carlos Alcaraz e o croata Marin Cilic.
Para piorar a situação, Lisca tinha se comprometido a participar nesta terça-feira (6) da Brasil Futebol Expo 2022, um congresso em São Paulo. Com a folga do elenco do time alvinegro, o treinador manteve a agenda mesmo com a derrota. O tema foi "a formação de jogadores campeões".
"Agradeço pelo convite, principalmente depois da porrada de ontem, perder o jogo da forma que foi. Pensei em casa sobre vir, um dia não muito bom... Mas confesso que a energia mudou quando cheguei aqui, com o carinho do público. Encontrei vários amigos", disse Lisca.
O atual técnico santista comentou sobre os 33 anos de profissão, com a maior parte do tempo nas categorias de base. Ele admitiu que fica feliz por ajudar atletas vitoriosos, mas que "está precisando levantar um caneco".
Lisca contou sobre a sua carreira, fez o público rir em diversos momentos e revelou o que considera seu maior aprendizado: a gestão de pessoas. O técnico disse que desenvolveu a compaixão ao longo dos anos.
"Jogador de futebol gosta da verdade, lealdade e de critério. Tudo que é combinado com jogador não custa caro. Os jogadores precisam de carinho e compaixão, principalmente. Compaixão é se botar no lugar do jogador. Muitas vezes o treinador toma atitudes sem ver o lado do jogador, como recebe uma determinação, não ser convocado ou não entrar no jogo. Os treinadores são chatos da turma, colocamos 11 e substituímos cinco. São 16 ou 17 sem jogar. E eu dedico meu maior tempo a eles, os que não jogam. É o mais importante para um gestor de qualidade. Eu sempre prezei por isso na minha carreira", afirmou.
"Ontem, dia de jogo, fizemos um coletivo pela manhã dos não relacionados com os encostados, os que têm contrato e não jogam, algo que já estava definido antes da minha chegada. Sempre treino com juniores ou juvenil, mostrando nova realidade e como aquilo não está tão distante. Conversei com os meninos do sub-17 há 15 dias e perguntei se eles tinham noção de quanto ganhavam destaques que surgiram no Santos, como Neymar e Gabigol. E um dos meninos falou 80 mil reais por mês. O menino não tinha noção. Então temos que mostrar o caminho, ajudar a ser um cidadão do mundo, principalmente um pai de família. Somos privilegiados, trabalhamos com o nosso hobby, com a nossa paixão. Dentro da realidade do país, quem trabalha nas séries A e B recebe muito bem. É uma minoria. A maioria é salário mínimo, falta de salário, tem que entrar na Justiça", completou.
Lisca também valorizou o trabalho do presidente Andres Rueda. O técnico destacou o processo de "resgate de credibilidade do Santos".
"Estava vendo a palestra do presidente Andres Rueda e vi meu celular, pipi, a notificação do salário. Mesmo com a derrota de ontem, o salário caiu. O presidente preza por isso, pelo cumprimento. Está resgatando o Santos. Os profissionais vencedores precisam se associar a pessoas e clubes com essas premissas".
Em outro momento da palestra, Lisca cometeu um ato falho. O técnico disse que o Santos tem a segunda melhor defesa da Série B e se corrigiu.
"A torcida que tirar o Madson de qualquer jeito. Ontem me diziam para tirar ele e o Felipe Jonatan. Quase que eu olhei e disse: 'Vocês sabiam que o Santos tem a melhor defesa da Série B?'. Ops, Série A. Se o presidente ouve isso eu tô roubado (risos)".
Depois da folga do elenco e do dia para palestras do presidente Andres Rueda e do técnico Lisca, o Santos se reapresentará amanhã (7) à tarde, no CT Rei Pelé. O Peixe voltará a campo para enfrentar o Ceará no sábado (10), no Castelão, pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro.
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