SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Julia Lyandrush, 13 anos, nascida e criada na Rússia, nunca viu o Palmeiras de perto, tampouco esteve no Brasil. Mas se apaixonou pelo time, mesmo com um oceano e mais de 12,5 mil quilômetros separando sua cidade natal, Kazan, da capital do Estado de São Paulo. E, de tão inusitada, sua história de amor pelo time alviverde vai virar filme.
Foi por meio das muitas postagens de Julia exaltando o clube, nas redes sociais, que o cineasta paulista Gabriel Vinícius, da produtora Media Films, conheceu a história e decidiu transformar em documentário a saga da garota que enfrenta fuso horário e toda sorte de dificuldades técnicas para tentar assistir ao Palmeiras quase do outro lado do mundo.
A ideia é lançar o filme no início do ano que vem. Isso porque uma parte importante da obra, mais precisamente seu final, ainda não tem uma data para acontecer. "A ideia é terminar com a Julia vindo ao Brasil, para conhecer o Allianz Parque e assistir a um jogo", contou Gabriel à reportagem.
As partes de "Além do Atlântico" na Rússia estão sendo gravadas à distância por Julia e seu irmão Albert. "Ele tem um celular, eu acho que um iPhone 13. Pensamos um cenário, e todas as dicas que eu passei, em questão de iluminação, de buscar um lugar mais tranquilo para gravar, eles estão fazendo tudo lá", diz o diretor.
Já Gabriel capta as imagens no Brasil, que vão compor a obra. "Um dos intuitos também é valorizar e fazer esse paralelo com o torcedor aqui do Brasil, que dentro das devidas proporções, também se sacrifica de diversas formas pelo clube", explica.
O cineasta atesta que a paixão de Julia pelo Palmeiras é verdadeira, e que a garota de fato acompanha não só os jogos, mas tudo que tem a ver com o clube.
"Ela manja muito. Eu fico até bobo de ver, sabe? Ela sabe todos os detalhes em questão de negociação, de tudo. E lá são seis horas de diferença, né? Então, o que acontece à noite aqui, ela acompanha lá de madrugada. Ela está sempre ligada", conta.
"Dá para ver que é um esforço ali. Dá para ver que é um amor bem genuíno da parte dela", diz.
Julia é fã de Gustavo Scarpa e, por essa razão, a produção já fez contato com a assessoria de imprensa do atleta, para que ele participe da obra com um depoimento ou mesmo ao vivo.
AMOR PELO VERDE
"Eu sempre gostei da cor verde. Foi o primeiro motivo para eu gostar do clube. Também gostei do distintivo, e fui estudar a história do clube, que é o time brasileiro com mais conquistas", disse Julia, muito tímida, em entrevista mediada por uma amiga que fala inglês.
A cor chamou a atenção dela também por ser a mesma do Salavat Yulaev Ufa, o time de hóquei no gelo russo para o qual ela torce.
Albert, o irmão que está ajudando Julia na captação das imagens, é quem incentiva a garota na sua paixão pelo clube. É ele quem dá as camisas do time a ela e a ajuda encontrar modos de assistir aos jogos ?além de fazer companhia em frente à TV.
"Ele me dá dinheiro para que eu compre as camisas", explica a garota. "Mas eu não tenho muitos amigos ou outros familiares que conheçam o futebol do Brasil", conta ela. "Nem meu irmão conhecia muito do futebol sul-americano, para falar a verdade", diz. Albert é torcedor da Juventus (ITA) e do Besiktas (TUR).
Julia também aparece jogando futebol em algumas de suas postagens, mas descarta seguir uma carreira como atleta. "Não pretendo. Estou mais interessada em me tornar uma influenciadora nas redes sociais", diz.
FILME ESTÁ SENDO PRODUZIDO COM RECURSOS PRÓPRIOS
Gabriel Vinícius e sua produtora estão tocando o filme com recursos particulares, mas querem ter algum tipo de apoio. "Não tenho nada captado não, em termos de recurso, nem tenho patrocínio também", conta. "A gente está tirando do papel assim tudo com esforço próprio mesmo", explica.
"Do Palmeiras, apenas espero uma ajuda para o final do filme", conta Gabriel. "A ideia é que o filme termine com isso, com ela conhecendo o estádio e assistindo a um jogo", conta.
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