SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Brasil, Bélgica, Argentina e França chegam à Copa de 2022 como melhores seleções do momento e favoritas a levantar a taça. Pelo menos de acordo com o ranking da Fifa.
Dados históricos reforçam a imprevisibilidade do torneio. Desde a sua criação, a lista não tem servido exatamente como um bom prognóstico. Até hoje, nenhuma equipe que ocupava a primeira posição às vésperas do Mundial conseguiu conquistar o título.
O Brasil tentará quebrar essa "maldição" para alcançar o hexacampeonato no Qatar. A seleção voltou ao topo em março -depois de quatro anos e meio- e ali se manteve até a última atualização antes da Copa, no mês passado.
A aparente contradição pode ser parcialmente explicada pela própria dinâmica do Mundial enquanto torneio de tiro curto. Lesões, suspensões, crises de vestiário e torcida estão entre os fatores que podem abreviar a caminhada dos gigantes. Além, é claro, dos confrontos diretos precoces.
A principal aplicação do ranking é justamente no direcionamento do sorteio. A pontuação serve para definir os cabeças-de-chave e dividir as equipes em diferentes níveis, para evitar a formação dos chamados "grupos da morte".
Mesmo que se classifiquem segundo a hierarquia, contudo, favoritos podem ficar pelo caminho já nas oitavas de final. A Bélgica, por exemplo, enfrentaria a tetracampeã Alemanha, dona da melhor campanha nas eliminatórias europeias.
Por outro lado, a história registra fiascos e zebras difíceis de justificar sob a ótica do ranqueamento oficial.
França (2002), Espanha (2014) e Alemanha (2018) protagonizaram alguns dos maiores vexames das Copas. Chegaram como campeãs e líderes do ranking, mas foram eliminadas já na primeira fase. Franceses e alemães ainda terminaram na lanterna dos respectivos grupos.
No primeiro Mundial após a criação do ranking, em 1994, a Alemanha desembarcou como primeira colocada. Foi eliminada nas quartas de final pela Bulgária do artilheiro Stoichkov, sensação daquele ano.
Nas outras três edições (1998, 2006 e 2010), o líder era o Brasil. Na primeira delas, a seleção até chegou à final, mas perdeu a taça para a anfitriã França. Zidane e companhia tinham iniciado o Mundial ocupando a 18ª colocação no ranking.
O fator casa também foi determinante para a maior surpresa da história recente das Copas, considerando a classificação da Fifa.
Quando sediou o Mundial em parceria com o Japão, em 2002, a Coreia do Sul ocupava apenas o 40º lugar na lista, mas tornou-se a primeira -e até hoje única- equipe asiática a alcançar as semifinais.
Numa campanha improvável, marcada por algumas polêmicas de arbitragem, a equipe liderada pelo meia Park Ji-Sung eliminou Itália e Espanha no mata-mata.
Naquele mesmo ano, a outra semifinalista foi a Turquia, então 22ª colocada no ranking. O time do atacante Hakan Sukur terminou a Copa em terceiro lugar, depois de dificultar bastante a vida do Brasil tanto na primeira fase (2 a 1) quanto na semifinal (1 a 0).
Em finais, a maior surpresa foi também a mais recente, com o vice-campeonato da Croácia há quatro anos.
A equipe de Luka Modric era a 20ª no ranking e só caiu na decisão, diante da França, após classificações sofridas no mata-mata (pênaltis contra Dinamarca e Rússia, e vitória na prorrogação sobre a Inglaterra).
Desde a sua criação, o ranking da Fifa passou por algumas atualizações. A última mudança de metodologia foi adotada em agosto de 2018, depois do Mundial disputado na Rússia.
O modelo atual é baseado na soma ou subtração de pontos a cada partida disputada pelas seleções, seja em amistosos, eliminatórias ou outras competições.
"Os pontos adicionados ou subtraídos são parcialmente determinados pela força relativa dos dois oponentes, incluindo a expectativa lógica de que as equipes acima devem se sair melhor contra equipes que estão abaixo", resume a entidade. A importância do jogo também entra na conta.
A Itália é a única campeã mundial e única seleção do top 10 atual que não conseguiu se classificar para a Copa deste ano.
O Uruguai é novamente o campeão que chega menos cotado, ocupando a 14ª posição do ranking.
Primeiro e terceiro colocados, respectivamente, Brasil e Argentina chegam praticamente como intrusos em um topo de ranking dominado por seleções europeias, um reflexo do domínio continental nas últimas décadas.
O troféu de campeão mundial está sob posse de equipes da Europa desde 2006 (Itália, Espanha, Alemanha e França). Esta é a maior sequência da história sem alternância entre os continentes.
Dentre os primeiros colocados do ranking, a Argentina é quem mais evoluiu no último ciclo, sob comando do técnico Lionel Scaloni.
A seleção do craque Messi chegou a ocupar a 12ª colocação, em outubro de 2018. Agora, chega ao Mundial na terceira posição, à frente da atual campeã França e ostentando 36 jogos de invencibilidade.
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