LUSAIL, QATAR (FOLHAPRESS) - Mohaammed Alowais, 31, começou a sorrir quando ouviu a pergunta se falava inglês.
"Não", respondeu. Em inglês.
O riso por ter deixado claro, apesar da negativa, que entendia a língua, virou gargalhada. O goleiro que poderia ser aposta para o título de mais vazado da Copa do Mundo saiu por cima. Contra Messi, foi superado apenas por uma cobrança de pênalti.
No segundo tempo, realizou defesas que garantiram a histórica vitória por 2 a 1 da Arábia Saudita sobre a Argentina nesta terça-feira (22), no estádio de Lusail.
Antes da estreia, o medo de ser batido muitas vezes era possível porque, além de Messi, seis vezes eleito melhor do mundo, ele também vai enfrentar Robert Lewandowski. O próximo adversário dos sauditas, pelo grupo C da Copa do Mundo, será a Polônia, no sábado (26).
"Lewandowski é muito bom", limitou-se a dizer ao ser questionado, enquanto caminhava para a saída do estádio.
O goleiro do Al Hilal, equipe que é a base da seleção, havia feito apenas uma partida anterior pelo Mundial. Foi titular contra o Uruguai na Rússia, em 2018. Na preparação para o torneio do Qatar, já havia sinalizado o que poderia fazer. Acabou como destaque quando a Arábia Saudita empatou amistoso em 0 a 0 com o Equador, em setembro.
Alowais tem agora 42 partidas pela seleção, sendo 39 oficiais.
"A maioria dos nossos jogadores são astros internacionais que já jogaram na Copa do Mundo. Nós temos a experiência necessária para atuar sob pressão", disse após a igualdade com os equatorianos.
Quase todos os jogadores do time saudita atuam na liga local.
Este ano tem sido o melhor da carreira de Alowais. Contratado em janeiro pelo Al Hilal, recebe salário de R$ 825 mil mensais.
O primeiro tempo contra os argentinos foi de sofrimento. Ele não esboçou reação quando foi superado por Messi no pênalti, mas fez expressão de desânimo ao assistir, com os dois joelhos no gramado, a bola chutada por Lautaro Martínez ultrapassar a linha. Poderia ser a sinalização da goleada esperada. Mas o lance foi anulado com ajuda do VAR.
Ele voltou a se ajoelhar, mas de alegria, na etapa final. Foi para comemorar os dois gols sauditas que deram à equipe a histórica vitória sobre a Argentina.
Alowais depois faria uma grande defesa em toque de Tagliafico e evitaria o gol em dois arremates de Messi. Ao sofrer falta nos acréscimos, reclamou e levou cartão amarelo. Em parte, foi a tentativa de ganhar alguns segundos.
Antes do final da partida, porém, o goleiro ainda protagonizaria um lance assustador. Em uma saída para tentar cortar a bola, ele acertou uma joelhada no rosto do companheiro Al-Shahrani, que caiu desacordado, no que foi a cena mais assustadora da partida.
Apesar do susto, o defensor fez sinal de positivo para os médicos ao deixar o campo, indicando que estava bem.
A expressão blasé do goleiro no dia mais especial da história do futebol saudita esteve de acordo com o restante da equipe. Dos poucos que falaram com a imprensa após o jogo, ninguém disse ter sido um momento especial, ter havido uma preparação diferente ou dado qualquer atenção a como marcar Messi.
"A gente não fez nada de mais. Realizamos a mesma preparação de sempre", disse o meia Abdulelah Al-Malki.
Com a surpreendente vitória, a Arábia Saudita se coloca em boa posição para repetir a campanha de 1994, a única vez que a seleção conseguiu se classificar na fase de grupos. Naquele ano, perdeu para a Suécia nas oitavas de final.
Foi o Mundial em que o meia-atacante Al-Owairan se tornou o nome mais conhecido do futebol saudita ao arrancar do meio-campo, contra a Bélgica, e só parar dentro do gol.
Essa fama ainda perdura, mas terá concorrência agora do atacante Aldawsari, autor do arremate decisivo nesta segunda-feira, e de Mohammed Alowais, o goleiro que parou Messi.
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