SÃO PAULO, SP (UOL - FOLHAPRESS) - O Brasil foi abraçado no Qatar. O multiculturalismo presente em terras brasileiras -por causa da escravidão e vários movimentos migratórios- foi elevado à quinta (ou seria sexta?) potência no estádio Lusail, no Qatar. Uma mescla de brasilidade com a paixão que, até hoje, era platônica por parte de torcedores de diversos países asiáticos. A vitória por 2 a 0 sobre a Sérvia na estreia do Brasil na Copa do Mundo, nesta quinta-feira (24), valeu o ingresso.
O já tradicional Movimento Verde Amarelo era a pulsação rítmica mais constante do estádio no jogo contra a Sérvia. Mas as energias positivas para o time treinado por Tite ganharam novos idiomas com indianos, bengalis, nepaleses e até uma bósnia que estava acompanhada de uma amiga sérvia e nem por isso quis agradá-la.
Torcida de Copa do Mundo é diferente de torcida de competições de clubes. E a da Copa no Qatar é até mesmo diferente de jogos da seleção em Eliminatórias ou amistosos.
O lado bom disso tudo é que a cada chance de gol criada, a cada lance de efeito e, obviamente, a cada gol, a sensação era que de uma euforia e encantamento. Como se os espectadores pela primeira vez estivessem diante de um espetáculo artístico da Disney ou do Circo de Soleil.
O segundo gol de Richarlison foi digno disso, inclusive. Sem contar uma caneta de Neymar em Tadic ou um elástico de Antony, já no segundo tempo.
Essa paixão pelo Brasil tem componentes inexplicáveis. Conversar com libaneses, nepaleses e bengalis sobre a origem desse sentimento é um exercício interessante para medir o alcance e a proporção do que representa a camisa amarela. No Brasil, muitas vezes minimizada.
Essa nova geração carrega um legado de uma paixão despertada além mar por nomes como Pelé, depois Ronaldo e que agora é cultivada por Neymar -inclusive, o mais aplaudido na apresentação da escalação.
Coube a Richarlison trazer os momentos de catarse. No primeiro tempo, o grito de gol ficou entalado. Os sérvios, valentes, mas por vezes ríspidos em excesso, não deram muitos espaços. Até que a combinação entre Neymar e Vini Jr resultasse no primeiro gol de um camisa 9 da seleção em Copas do Mundo desde 2014. Quando o Pombo fez o segundo, levitando, o auge da comemoração.
A saída do camisa 10 do Brasil -que é preocupante- se juntou à construção do placar para baixar a intensidade da arquibancada.
O Movimento Verde Amarelo, pelo menos, engatou o batuque até o final, não sem que antes viesse um grito de "olé", já aos 44 minutos do segundo tempo.
A torcida, não necessariamente brasileira, mas, sim, a favor do Brasil terá mais uma chance de ver o brilho da amarelinha na próxima segunda-feira (28), contra a Suíça.
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