SÃO PAULO, SP (UOL - FOLHAPRESS) - Desde que deixou o Fluminense em 2009, Thiago Silva cravou seu lugar na elite do futebol mundial -já são 13 anos entre os melhores defensores do mundo. Na seleção, são 113 jogos, em um período que passa por quatro Copas do Mundo, duas delas como capitão. Na bagagem, entretanto, ficam eliminações traumáticas, três delas como protagonista.
Thiago vestiu a braçadeira em 2014, no Brasil, em 2018, na Rússia, e em 2022, no Qatar. Ao longo de 14 anos a serviço da seleção, foi seu principal líder durante pelo menos oito. No exercício da capitania, com Felipão e com Tite, protagonizou episódios polêmicos, foi da idolatria à contestação e ficou marcado por chorar dentro de campo e participar diretamente em três eliminações.
Em seu primeiro mundial, o de 2010, foi um substituto não utilizado. Em 2014, já como capitão escolhido por Felipão, viveu sua primeira tragédia: foi um dos melhores em campo nas quartas de final, diante da Colombia, mas recebeu o cartão amarelo e acabou suspenso. Nas semifinais, viu o time sofrer a lendária derrota por 7 a 1 diante da Alemanha.
Thiago voltou novamente como capitão em 2018. Dessa vez, esteve em campo durante toda a Copa, e protagonizou o episódio que mais o marcou em sua trajetória na seleção. Nas oitavas de final, diante do Chile, chorou durante a disputa de pênaltis, e não realizou nenhuma cobrança. O Brasil passou, e acabou eliminado no jogo seguinte, quartas, diante da Bélgica.
O zagueiro, entretanto, foi muito contestado, e precisou justificar publicamente as lágrimas. "Eu não posso ser aquela pessoa tão fraca se faço isso durante minha carreira toda, sabe? Tudo que passei na minha vida, os momentos mais difíceis da minha vida, eu sempre fui muito forte. E aquele momento não era de fraqueza, era momento espiritual meu, para que eu pudesse, sei lá, que Deus pudesse colocar coisas na minha cabeça para que eu pudesse fazer o grupo acreditar naquilo. Não adianta falar só por falar".
Tite nunca relacionou diretamente os dois episódios, mas o ciclo pós 2018 começou com um rodízio de capitães - passaram pela função Daniel Alves, Neymar e Casemiro. Ao longo dos quatro anos de disputa, o treinador deixou a medida de lado. Thiago chegou ao Qatar em 2022 novamente com a braçadeira. Com o choro de 2018 ainda gravado na memória dos brasileiros, disse estar mais preparado.
"Algumas coisas mudam com o passar do tempo. Mais normal e natural de acontecer. Hoje sou com certeza mais bem preparado, às vezes tem que bater a cara na parede para aprender. Não adianta o professor falar, enquanto não me arrebentar todo a gente não aprende e tem que passar por esses processos. Sou bem melhor preparado para esse momento, super tranquilo e super à vontade para agora e isso demonstra o quão respeitoso eu sou. Fico bem tranquilo nesse momento".
O zagueiro era um dos destaques da seleção na Copa até a queda desta sexta-feira, diante da Croácia - não teve culpa no gol adversário, e assistiu, sem lágrimas, a disputa de pênaltis. Elas vieram, entretanto, quando Marquinhos acertou a trave na cobrança que decretou a vitória croata.
Aos 38 anos, Thiago disputou a sua última Copa do Mundo. Pela seleção, não conseguiu repetir o histórico vitorioso que teve pelos clubes onde passou: venceu apenas a Copa das Confederações, em 2013, e a Copa América, em 2019. Pouco para o capitão de três copas, com 113 jogos e sete gols marcados.
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