DOHA, QATAR (FOLHAPRESS) - O único time que fez gol em Marrocos foi Marrocos. A surpresa da Copa do Mundo do Qatar chegou às semifinais com sua defesa superada apenas uma vez.

Isso aconteceu na vitória por 2 a 1 sobre o Canadá, na fase de grupos. O zagueiro Nayef Aguerd anotou contra.

A primeira equipe do continente africano a chegar tão longe no Mundial enfrentou Croácia, Bélgica, Espanha e Portugal sem ter a rede balançada.

"Não se trata de nenhuma mágica. Nós sabemos que não teremos muita posse de bola e temos de nos adaptar a isso", explicou o técnico Walid Regragui, que ocupa o cargo há apenas três meses.

Marrocos se fecha em um sistema de marcação rígido e faz jogo direto e vertical quando recupera a bola. Uma receita não exatamente nova no futebol, mas que, no Mundial deste ano, tem sido mortal para o time. Que, nesta quarta-feira (14), terá o maior desafio até aqui: a França.

Os europeus possuem os dois principais goleadores da competição. Kylian Mbappé fez cinco gols no Qatar; Olivier Giroud, quatro. O último de Giroud definiu a vitória por 2 a 1 sobre a Inglaterra, no sábado (10), nas quartas de final.

Com a solidez defensiva, Marrocos repete o caminho da Itália de 2006. A seleção europeia também avançou às semifinais com apenas um gol sofrido, também contra. Foi do lateral Zaccardo, no duelo com os Estados Unidos, na fase de grupos. Em um sinal de bom presságio para os marroquinos, a Azzurra foi campeã naquele ano.

Neste século, o time da Alemanha de 2002 e o de Portugal de 2006 foram os outros atingiram esta fase do torneio com a defesa superada uma vez. Mas, nesses casos, o autor do gol foi do time rival.

Antes de Marrocos, outras três seleções africanas haviam chegado às quartas de final. Camarões (1990), Senegal (2002) e Gana (2010) tiveram a chance de avançar, mas falharam em momentos decisivos. Ao derrotar Portugal, a equipe de Regragui acabou com a carreira de Cristiano Ronaldo em Copas do Mundo. O português de 37 anos se despediu da competição.

A capacidade defensiva de Marrocos vai além da Copa do Mundo. O gol contra de Aguerd foi o único sofrido pela seleção nos últimos dez jogos. A sequência começou com a vitória por 2 a 0 sobre a Libéria nas eliminatórias para a Copa Africana de Nações. Atravessou amistosos contra Jamaica, Chile, Paraguai e Geórgia antes da Copa do Mundo.

"Nós hoje temos uma nova geração, e, para mim, a mentalidade tem de mudar junto com o time. Todos os aspectos negativos, isso é o velho Marrocos. Nós mudamos. Nosso país mudou", disse o técnico.

Os "aspectos negativos" são relativos principalmente às rixas dentro do elenco no passado. Havia animosidade entre marroquinos e atletas que nasceram em outros países e defendiam a seleção por ascendência.

"Já tivemos muitos problemas com isso. Entre os rapazes que nasceram no Marrocos e os que nasceram na Europa. Mas hoje em dia mostramos ao mundo que todos os marroquinos são marroquinos", afirmou Regragui.

É fácil perceber que sem essa integração não haveria sucesso da equipe no Qatar. O próprio treinador é parisiense, filho de marroquinos.

A maior arma ofensiva do time é Achrraf Hakimi, nascido em Madri, na Espanha. Seu companheiro de ataque Hakim Ziyech é nascido na Holanda, assim como o lateral direito Noussair Mazraoui.


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