DOHA, QATAR (FOLHAPRESS) - Ronaldo Nazário, maior artilheiro brasileiro em Copas do Mundo (15 gols), disse que a eliminação da equipe no Qatar o abalou tanto que cancelou compromissos. Ele defendeu o acompanhamento da saúde mental dos atletas. Principalmente Neymar.

"Cancelei compromissos. Fiquei deprimido com a nossa derrota", declarou jornalistas em evento realizado em Doha nesta segunda-feira (12).

Na última sexta-feira (9), o Brasil caiu nas quartas de final no Mundial ao ser derrotado, nos pênaltis, pela Croácia. Após 120 minutos de tempo regulamentar e prorrogação, o placar foi de 1 a 1.

Campeão mundial em 1994 e astro do título de 2002, Ronaldo também participou de duas campanhas que acabaram frustradas: a de 1998, na França, e a de 2006, na Alemanha.

Ele diz ter ficado triste ao ler a postagem de Neymar nas redes sociais. O principal jogador brasileiro da atualidade escreveu estar destruído psicologicamente depois da eliminação.

"Aquilo partiu meu coração de uma maneira que eu também fiquei destruído psicologicamente e queria encontrar alguma forma de poder ajudá-lo" completou.

Atual dono de dois clubes de futebol (Cruzeiro e Valladolid-ESP), Ronaldo passou pela mesma pressão que vive atualmente o camisa 10. Depois da derrota na final de 1998 para a França, ouviu várias teorias sobre a convulsão que teve horas antes do jogo. Foi duramente criticado também pela sua forma física e excesso de peso quando a seleção foi derrotada mais uma vez pelos franceses, nas quartas de final de 2006.

Neymar disse não saber se continua na seleção e participa do ciclo até o torneio de 2026, a ser sediado por Canadá, Estados Unidos e México. Antes da viagem ao Qatar, o atacante já havia sinalizado que o Mundial deste ano poderia ser o último da sua carreira.

Ronaldo acredita que o craque do Paris Saint-Germain vai voltar a vestir a camisa amarela.

"Entendo o momento que todos estão passando, principalmente o Neymar. A carga é muito maior em cima dele. É normal estar deprimido, triste, talvez até sem vontade de jogar e sem planejar nada para o futuro. Mas isso vai passar. Essa decepção há de ser temporária. Ele vai voltar com o tesão de sempre e com a vontade de sempre", garantiu.

O pentacampeão também comentou a falta de apoio psicológico aos jogadores durante o Mundial, tratamento que deve ser feito, segundo ele, de forma contínua, não apenas durante o campeonato.

"Eu não acho que esse tratamento seja curto, seja especificamente para competição. O que eu indicaria para os atletas, é ter esse acompanhamento na sua vida", diz.

Ronaldo afirma que faz tratamento com psicoterapia há quase três anos devido ao acúmulo de funções no trabalho.

"Então eu indicaria assim, para você ter na vida um psicólogo com quem você possa abrir as coisas, suas necessidades, dúvidas, pode te esclarecer muito, te ajudar muito. Não um psicólogo do futebol que está ali um mês. Isso eu não sei se pode ajudar muito."

O técnico Tite foi criticado por não incluir psicólogos em sua delegação rumo ao Qatar desde antes do início do Mundial. Após a derrota no jogo contra a Croácia nas quartas de final, houve ainda mais contestação em cima de sua decisão --a mesma tomada em 2018, na Copa do Mundo da Rússia.


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