SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) - Cinco diferentes marcas estampam o uniforme dos árbitros, bandeirinhas e profissionais do VAR nesta edição do Campeonato Paulista. Além da empresa fornecedora de material esportivo, há patrocínios no peito, costas e mangas.
O número é alto e supera até o de alguns clubes que disputam a competição. É o exemplo do São Bernardo, dono da segunda melhor campanha depois de dez rodadas e que só mostra duas marcas em sua camisa de jogo.
Por que as empresas se interessam?
Associar sua marca a uma figura do futebol que costuma ser alvo de xingamentos de todas as torcidas não é uma preocupação das empresas que assinaram contrato com a Federação Paulista de Futebol. Pelo menos é o que dizem os representantes que conversaram com o UOL. O foco é outro: a visibilidade que esse tipo de patrocínio oferece.
A Saint-Gobain patrocina a parte do superior central das costas do uniforme dos árbitros com suas marcas Quartzolit, Brasilit ou Placo. A parte superior das costas estampa FutFanatics. Nas mangas aparece a Poty e no peito a OdontoCompany. A Kappa é a fornecedora de material esportivo.
Paulo Zahr, fundador e presidente da OdontoCompany, não acha que a marca se prejudique com possíveis erros dos árbitros: "Com a adesão do VAR as polêmicas com a arbitragem diminuíram. Mesmo que aconteçam erros, as pessoas entendem que a marca patrocina a arbitragem e não um árbitro em específico." Ele fechou um contrato de cinco anos com a FPF.
O uniforme dos árbitros aparece em média 60 vezes na TV durante uma partida, segundo um estudo de marcas a que o UOL teve acesso. Isso significa mais ou menos quatro minutos direto no ar.
**PATROCÍNIO DE ARBITRAGEM JÁ DEU POLÊMICA**
Árbitros e auxiliares que trabalham em jogos do Campeonato Brasileiro já entraram na Justiça contra a CBF. Os profissionais diziam jamais terem autorizado ou recebido remuneração pelo uso de suas imagens para fins comerciais, como mostrou o UOL em 2019.
Os valores anuais superavam R$ 5 milhões quando a CBF cedeu a uma empresa o direito de explorar patrocínio no uniforme dos árbitros nas Séries A, B, C e D do Brasileiro. Não havia obrigatoriedade de repasse de alguma porcentagem para os profissionais, o que gerou as reclamações. Hoje, segundo ouviu o UOL, esse valor a nível nacional já chega a R$ 10 milhões.
Desde então, a cessão de imagem foi formalizada, com autorização de uso e remuneração. Ano passado, a Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol) reclamou que a nova gestão da CBF tinha cortado o repasse e isso poderia causar uma greve dos árbitros, mas nada saiu do plano das ideias.
**ACORDOS NA CASA DOS MILHÕES**
Os valores específicos para cada anúncio na camisa de um juiz do Paulistão são difíceis de calcular. Isso porque os contratos das empresas com a FPF envolvem muito mais do que isso: há placas de publicidade, inserções em redes sociais e apoio a outras competições, inclusive femininas. Tem marca que faz publicidade até dentro do gol. É um pacote, então não há mensuração de valores individuais.
O volume de jogos em que as marcas são exibidas vale muito nos bastidores. São mais de 4 mil partidas, entre quatro divisões profissionais, base e feminino. "Pulverizamos nossa marca em todo o Estado e o interior é uma região estratégica para nós", diz Camilo Leles, da Saint-Gobain.
Fábio Wolff, que intermediou o acordo da FPF com a Poty, pensa igual: "Você faz uma aquisição e ela te coloca em muitos campeonatos ao mesmo tempo. Poty é uma companhia com atuação em capital e interior. Para ela, estar em todos os campeonatos da federação faz bastante sentido."
Outro ponto valorizado é a figura de autoridade do árbitro em campo, conta Leles: "Estar presente no uniforme do comandante do espetáculo tem sua importância."
**MAIS PATROCÍNIOS DIFERENTES VÊM POR AÍ**
A propriedade do nome, também conhecida como naming rights, do VAR é um produto que tem sido oferecido no mercado. Placas de publicidade de LED que exibam frases inteiras, não só nomes de empresas, tendem a se tornar cada vez mais populares. São algumas das novas formas de patrocínio que departamentos de marketing elaboram para aumentar a renda.
"Veremos patrocínios nada tradicionais no futebol em breve", diz Camilo Leles, que prevê o uniforme dos árbitros como um espaço cada vez mais concorrido para os próximos anos.
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