CAMPINAS, SP (FOLHAPRESS) - Morreu neste domingo (5), aos 84 anos, Romualdo Arppi Filho, ex-árbitro de futebol que apitou a final da Copa do Mundo de 1986, no México. Ele foi o último juiz brasileiro a arbitrar uma final de Mundial. O brasileiro estava internado no Hospital Ana Costa, no litoral de São Paulo, onde fazia tratamento renal.

Nascido em Santos, em 1939 e considerado um dos maiores árbitros da história do Brasil, Arppi Filho iniciou a carreira profissionalmente aos 20 anos. Apitou decisões dos Campeonatos Brasileiros de 1984 e 1985 e a final do Mundial Interclubes de 1984. Ele participou de três olimpíadas: Cidade do México, em 1968, Moscou, em 1980 e Los Angeles, em 1984. Recentemente, ele vivia em São Vicente, no litoral paulista.

Arppi Filho concentrou os olhares do mundo aos 18 minutos do primeiro tempo da partida entre a então Alemanha Ocidental e a Argentina, quando o país europeu teve uma falta para bater na entrada da área. Os jogadores da Argentina formavam a barreira e os europeus tentaram recolocar a bola em jogo, mas o árbitro não autorizou.

Árbitro Romualdo Arppi Filho mostra cartão amarelo a Diego Maradona na final de 1986 Reprodução **** Foi quando Diego Maradona, o melhor jogador do mundo na época, ergueu os braços para o céu, brigou e reclamou. Romualdo então sacou o cartão amarelo e o mostrou para o craque.

Maradona e sua seleção ganharam o título naquela final, e Arppi Filho voltou ao Brasil carregando um quadro em que ele, de costas, aparecia com o braço erguido advertindo um dos maiores heróis argentinos.

"Eu não mostrei o cartão de propósito. Foi porque ele cometeu uma infração e mereceu. Nem sei onde está esse quadro. Faz tanto tempo...", afirmou o ex-árbitro em entrevista à Folha, em 2018.

Também durante a partida, ele se destacou pela maneira que interpretou a lei da vantagem e se tornou um exemplo usado pela Fifa sobre a questão. No lance que decidiu o título argentino, Arppi Filho evitou parar uma jogada em que aconteceu uma falta, e a bola seguiu com Maradona. O craque deu o passe para Jorge Burruchaga marcar e concluir o resultado que deu o título à Argentina, 3 a 2.

Quando se aposentou dos campos, o ex-árbitro chegou a ser convidado para analisar arbitragens para a TV, mas recusou, aborrecido. "Não aceitei quando soube que ficaria no estúdio. Ninguém pode comentar arbitragem sem estar no estádio. Tem de estar lá vendo as coisas. Ainda comentam depois de ver o replay 20 vezes", disse ao jornal.

Experiente, ele apitava a Libertadores anualmente e conhecia os argentinos em campo. Durante a Copa, Arppi Filho não apitou nas oitavas, quartas ou semifinais e estranhou não ter sido mandado de volta ao Brasil. Ele disse que foi ficando e acabou escalado na decisão.

"Foi uma final que não teve nenhum lance polêmico, nada grave. A decisão da Copa do Mundo não é um jogo difícil porque não há jogador que queira fazer uma besteira em campo e ser expulso. Não se compara com a dificuldade que é apitar uma partida de Libertadores", contou na época.


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