MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) - Quando a Rússia iniciou a invasão à Ucrânia, há um ano, Talles Brenner foi para a fronteira do país para tentar deixá-lo. No início, a orientação era para que ficasse em casa aguardando instruções, mas a situação se tornava cada vez mais insustentável.
O brasileiro passou cinco dias na fronteira entre a Ucrânia e a Polônia, em um período que ficou marcado em sua memória.
"É uma sensação muito ruim, porque fomos para a fronteira da Polônia no primeiro dia e não conseguíamos deixar o país, havia muita gente querendo sair. Ficamos cinco dias na fronteira tentando e nada. Sem comer, e estava bem frio", lembra o brasileiro.
A guerra é resultado do crescimento das tensões entre russos e ucranianos. Em 22 de fevereiro do ano passado, após as negociações diplomáticas falharem, a Rússia iniciou invasão ao país vizinho, decisão condenada pela comunidade internacional.
No momento em que o conflito foi iniciado, eram 30 jogadores brasileiros atuando na primeira divisão da Ucrânia.
Durante vários anos, a partir da década de 1990, o país foi uma espécie de oásis para atletas brasileiros. Equipes como Shakhtar Donetsk e Dinamo de Kiev eram vistas como portas de entrada para as principais ligadas da Europa, além de pagar altos salários. Mesmo em clubes periféricos era possível ganhar um bom dinheiro sem a instabilidade do futebol sul-americano.
Talles se estabeleceu na Hungria momentaneamente ao lado da sua esposa e, depois, viajou ao Brasil. Hoje, porém, ainda tenta que a vida volte à normalidade. Talles está jogando na Ucrânia mais uma vez, ainda pelo Rukh Lviv, que ocupa a 12ª posição do campeonato nacional.
Durante as partidas, a rotina é bem diferente do que era antes da guerra. Os ataques ao país continuam.
"Eu decidir voltar a Ucrânia para jogar. Nem tudo era como antes [da invasão]. O campeonato está um pouco diferente da normalidade, porque às vezes a sirene toca durante os jogos e eles são interrompidos. Não há público nas partidas. Fiz uma boa meia temporada, onde fui considerado o melhor estrangeiro do país, e venho me mantendo firme em relação a tudo. E esperamos que tudo volte ao normal o quanto antes", contou.
Segundo ele, a preocupação vinda do Brasil foi muito grande desde que as notícias da guerra se tornaram internacionais.
"Me lembro que, quando houve o primeiro ataque em Kiev, na capital do país, foi de madrugada. Acordei bem cedo esse dias, com muitas pessoas do Brasil mandando mensagem. Estava em casa com minha esposa e o clube nos arrumou uma van para deixar o país", iniciou.
"Estou em um país em que há guerra, e a vida não é normal por aqui. Espero que tudo isso possa terminar o quanto antes porque as pessoas só querem viver e estão cansadas de tudo isso", complementou.
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