SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESSS) - A disputa entre Palmeiras e CBF se tornou uma troca de reclamações por meio de notas oficiais. Depois de a entidade que organiza o Campeonato Brasileiro acusar o auxiliar técnico João Martins de xenofobia, o clube paulista respondeu com oito questionamentos públicos ao comportamento da confederação e de sua arbitragem em jogos da equipe.

Martins ficou indignado com a atuação do juiz gaúcho Jean Pierre Gonçalves Lima e do VAR na partida deste domingo (2), contra o Athletico-PR, em Curitiba.

Zé Ivaldo, do clube paranaense, não foi expulso após acertar cotovelada dentro da área em Endrick. O árbitro depois mostrou o cartão vermelho para palmeirense Garcia após a bola ter acertado seu braço em chute de Vitor Roque.

O Palmeiras vencia por 2 a 0 e cedeu o empate por 2 a 2.

"É ruim para o sistema o Palmeiras ganhar dois anos seguidos", disse Martins, que substituía o técnico Abel Ferreira, suspenso. "O que aconteceu foi uma vergonha. Como é que se condiciona um jogo aos três minutos? [O árbitro] Deu amarelo ao Garcia por atrasar um lateral. Inacreditável. O Brasil é especialista em perder tempo. Por isso na Europa não se vê jogos do Brasil."

A CBF disse que o vídeo com a entrevista de Martins será enviado para o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) para possível punição.

"O ato lamentável [do auxiliar do Palmeiras] foi muito além das reclamações semanais da arbitragem. O que ocorreu, de fato, foi um desfile de grosserias e uma tentativa infantil e até xenofóbica de reduzir a relevância do futebol brasileiro na Europa, mostrando inclusive desconhecimento do próprio campeonato que disputa, que já teve tricampeões, bicampeões, com vários times ganhando seguidamente", afirma a nota da entidade.

O tom da nota causou perplexidade na diretoria do Palmeiras. A presidente Leila Pereira e Abel Ferreira se queixam, desde o ano passado, de repetidos erros de arbitragem contra o time. A dirigente afirma ter recebido desculpas particulares, não públicas, do chefe da comissão da arbitragem, Wilson Seneme, sobre equívoco do VAR que resultou na eliminação alviverde na Copa do Brasil do ano passado.

Na nota divulgada nesta segunda-feira (3), o clube afirma que Leila recebeu de Seneme, há três semanas, garantias de melhoria na arbitragem.

O Palmeiras pede que a CBF especifique a atitude xenófoba de Martins e questiona por que o comunicado da entidade se refere apenas ao time paulista, "sendo que profissionais da Série A fizeram, também ontem, comentários semelhantes aos do auxiliar técnico João Martins". É uma referência às queixas de Luiz Felipe Scoliari à expulsão de Hulk na partida entre Atlético Mineiro e América-MG.

No decorrer das questões apresentadas, o Palmeiras apresenta erros cometidos contra ele, como o gol não validado contra o Bahia, em que a bola ultrapassou a linha e o gol do São Paulo na Copa do Brasil de 2022. Pergunta também como a opinião de um português pode incomodar tanto uma Confederação que busca um técnico estrangeiro para a seleção brasileira.

Com o empate, o Palmeiras ficou na quarta posição do Brasileiro, a dez pontos do líder Botafogo.


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