SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em entrevista à Folha de S.Paulo em 2021, o presidente do Santos, Andres Rueda, afirmou que a sensação a cada troca de técnico era de fracasso no planejamento do futebol.

Em nova conversa com a reportagem, neste ano, disse não ter nenhum receio de que será o primeiro mandatário a fazer o time ser rebaixado.

As duas declarações estão interligadas na escolha do uruguaio Diego Aguirre. É o oitavo treinador da equipe sob a administração Rueda. Ele assume com o Santos na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro.

Após a rodada do último final de semana, o alvinegro ficou na 17ª posição, com 18 pontos. Está empatado com Bahia, 16º, mas perde no saldo de gols, um dos critérios de desempate.

Aguirre chega para o posto deixado por Paulo Turra, demitido após o empate por 1 a 1 com o Ahletico Paranaense no último sábado (5), na Vila Belmiro. Mais uma partida em que o Santos foi dominado pelo adversário -e só não perdeu graças a um pênalti apontado pelo árbitro de vídeo nos acréscimos.

Em sete partidas, Turra venceu apenas uma. E o triunfo por 4 a 3 sobre o Goiás aconteceu apenas porque Bruno Arleu de Araújo apitou um pênalti nos minutos finais. Foi marcação tão absurda que o juiz foi afastado pela comissão de arbitragem da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) no dia seguinte.

Em sua mensagem de despedida, publicada no Instagram, o técnico agradeceu a oportunidade de dirigir o Santos, lamentou não poder trabalhar com os reforços que estão sendo contratados e usou expressões como "elevação das métricas" para elogiar o próprio desempenho.

Ele marcou sua passagem por ter afastado, sob as bênçãos do mesmo Rueda que o demitiu, jogadores que não vinham atuando bem. Um dos motivos de sua contratação foi resolver o estado de complacência do elenco. Não deu certo.

O principal nome colocado de lado por Turra, o venezuelano Soteldo, foi reintegrado ao elenco e passou de pária a plano central da equipe para escapar do rebaixamento.

Se o Santos não acerta na contratação de jogadores e técnicos, na coordenação de futebol o cenário não é diferente. André Mazzuco deixou a Vila em outubro de 2021, e uma das críticas a ele era o acúmulo de trabalhos anteriores que levaram clubes à segunda divisão. Ele hoje ocupa o mesmo cargo no Botafogo, que tem 13 pontos de vantagem na liderança no Brasileiro.

Foi substituído por Edu Dracena, que deixou o clube em julho do ano passado e hoje critica Rueda. Reclama que o presidente não entende nada de futebol. Já o dirigente se arrepende por ter prestigiado o ex-zagueiro e, com isso, demitido o técnico Fábio Carille. Em seguida, Newton Drummond, conhecido como Chumbinho, chegou com promessa de trabalho de longo prazo. Durou cerca de um mês.

O Santos ficou dois meses com o cargo vago, e Rueda desmereceu a função, descrevendo-a como lugar para "empresários frustrados". Em novembro de 2022, a escolha foi Paulo Roberto Falcão.

Com a denominação de coordenador de futebol, o ex-jogador foi o escudo do presidente para contratações que não deram certo, investimentos questionados no conselho deliberativo, a terceira eliminação consecutiva na fase de grupos do Campeonato Paulista, quedas precoces na Copa do Brasil e na Sul-Americana e escolha de treinadores como Paulo Turra, indicado por Luiz Felipe Scolari.

Falcão deixou o clube na última sexta-feira, horas após ter sido denunciado por importunação sexual. Uma funcionária do hotel onde ele morava, em Santos, registrou boletim de ocorrência afirmando que o dirigente passou as partes íntimas duas vezes pelo seu braço.

Falcão se defendeu dizendo que isso não aconteceu.

A estreia de Aguirre poderá ser no próximo domingo (13), contra o Fortaleza, fora de casa. O Santos não terá o goleiro João Paulo, o meia Lucas Lima e o atacante Mendoza. Os três, pendurados, receberam cartões amarelos no espaço de poucos minutos no segundo tempo da partida diante do Athletico.

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