SANTOS, SP (FOLHAPRESS) - O Santos define no dia 9 de dezembro o presidente do clube pelos próximos três anos, em mandato de 2024 a 2026. O prazo para as inscrições das chapas se encerrou no último dia 19, com cinco postulantes ao cargo: Ricardo Agostinho, Wladimir Mattos, Rodrigo Marino, Maurício Maruca e Marcelo Teixeira.

A eleição será realizada de forma online e presencial -somente na Vila Belmiro- das 10h às 17h. Segundo levantamento feito pelo clube, até a última terça (21), 16.377 sócios estavam aptos a votar.

O fechamento do colégio eleitoral ocorrerá em 4 de dezembro, data que também marca o prazo para os associados escolherem voto online ou presencial.

A disputa ocorrerá três dias após o fim do Campeonato Brasileiro. Em campo, o time ainda luta contra um inédito rebaixamento em momento avaliado por historiadores e ex-jogadores como o pior dos 111 anos do clube.

Em 2023, o Santos acumulou marcas negativas. Caiu logo na primeira fase do Campeonato Paulista e da Copa Sul-Americana, além de ter passado 11 das 34 rodadas do Brasileiro até aqui na zona de rebaixamento. Ainda sofreu uma goleada histórica para o Internacional, 7 a 1.

No pleito que elegeu Andres Rueda, há três anos, 8.154 associados participaram da votação. Rueda foi escolhido com 3.936 votos, 48,3% do total.

Duramente criticado por sua gestão, o dirigente não busca a reeleição -embora o estatuto do clube permita- e também não indicou oficialmente apoio a nenhuma candidatura na corrida eleitoral.

Os pleitos presidenciais no Santos são marcados por um longo histórico de polêmicas. Em 2009, durante a apuração que dava a vitória a Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, presentes iniciaram uma enorme confusão no Salão de Mármore da Vila Belmiro arremessando cadeiras. O policiamento precisou intervir com gás de pimenta.

Anos depois, em 2017, oposicionistas do então presidente Modesto Roma Júnior acusaram o rival de uma suposta tentativa de fraude com uma manobra para aumentar artificialmente o número de associados aptos a votar.

Na mesma eleição, outra denúncia pitoresca: a criação de sócios fantasmas com nomes como Augusto Pinochet, Al Capone e Don Corleone. O episódio levou conselheiros a vetar a votação pela internet.

Durante a gestão de José Carlos Peres, em 2020, o clube teve o primeiro presidente da história a sofrer um impedimento.

No atual eleição, integrantes de duas chapas trocaram farpas nas redes sociais após debate promovido por um canal de YouTube. Um deles apagou a publicação, pedindo desculpas ao candidato citado.

O candidato da chapa 1, "Resolve", é o empresário e publicitário Ricardo Agostinho, 54. Ele trabalhou na área farmacêutica e foi embaixador do Santos em São Paulo por três anos, entre 2017 e 2020. No último pleito, ficou em terceiro lugar, com 1.070 votos (13,1%).

"[Minha principal proposta é] a SAF. Contratamos a Bridge Sports Capital para implementar o projeto Santos World Football, que quebrará todos os paradigmas do futebol brasileiro. Nela o investidor está obrigado a respeitar que o Santos não se torne um mero satélite de outros clubes, com o potencial de ser franqueada a outros investidores em diversos países. Isso abre portas para expansão internacional", disse Agostinho.

A chapa 2, "Juntos pelo Santos FC", tem como candidato o administrador de empresas Wladimir Mattos, 58. Também licenciado em história, atua há quase 40 anos como empresário no setor marítimo. Já foi conselheiro por dois mandatos e concorre à presidência pela primeira vez.

"A construção de um DNA esportivo para todas as categorias, da base ao profissional, que garantam melhor desempenho, contratações mais assertivas, elencos com custos controlados e, finalmente, aumento nas receitas com premiações e vendas pontuais. Durante minha gestão de outros clubes de futebol na Baixada Santista, obtive experiência e fiz contatos que auxiliarão a concretizar estas propostas", afirmou Mattos.

Segundo colocado no último pleito, com 1.171 votos (14,4%), Rodrigo Marino, 49, é o nome da chapa "Renova Santos". Conselheiro por cinco mandatos e também ex-membro do comitê de gestão, é formado em contabilidade, tem graduação em administração de empresas e comércio exterior, além de ter sido tenente do Exército.

"A minha primeira proposta é um time campeão, que eu já tenho. Estou trabalhando nessa meta desde agosto porque não se monta da noite para o dia. Tanto que já tenho um diretor de futebol e seis jogadores diferenciados, talentosos. Todos apalavrados, só não está tudo assinado por motivos óbvios: ainda não sou presidente. Teremos um CT para a base a nível europeu e vou dar adeus aos cambistas", declarou Marino.

A chapa 4, "Inova Santos", aposta no conselheiro Maurício Maruca, 66. Formado em administração de empresas, com doutorado em administração pública e gestão ambiental, possui trajetória profissional no setor público e privado. Fez parte da Comissão de Investigação de Riscos e Perdas do clube, entre 2021 e 2022, que apurou casos como a compra de Leandro Damião.

"A principal proposta é trazer uma equipe com os melhores profissionais do mercado, cada um na sua área, contratados pelo clube, para levar o Santos de volta para seu lugar de destaque. A infraestrutura será renovada, o DNA vencedor, restabelecido, e o torcedor voltará a ter orgulho de torcer. Para isso, já temos assinado termos de compromisso e um aporte financeiro inicial garantido para o clube já começar a operar desta forma a partir do dia 1 da gestão", afirmou Maruca.

A última chapa registrada, "Santos grande de novo", é liderada pelo administrador de empresas e advogado Marcelo Teixeira, 59, que foi presidente do clube em um mandato na década de 1990 e em outros cinco entre 2000 e 2009, momento em que o Santos encerrou um jejum de títulos de 18 anos. É pró-reitor da Universidade Santa Cecília e presidiu o Conselho Deliberativo entre 2018 e 2020.

"O pilar do nosso trabalho é a gestão profissional, sem perder o comprometimento pessoal e as raízes vitoriosas do Santos. Todas as nossas ações serão pautadas a partir dessa premissa", disse Teixeira, que prometeu "mudanças no conceito administrativo", "reduzir dívida", "não gastar mais do que gerar receita" e "tirar do papel a tão sonhada Arena do Santos".

A indefinição sobre o novo dono da cadeira presidencial congela até o momento diversas pautas no clube, como renovações de contrato, busca por reforços, vendas de atletas como Marcos Leonardo e Joaquim, além de definições sobre a continuidade do técnico Marcelo Fernandes e do coordenador esportivo Alexandre Gallo.

O candidato eleito iniciará seu mandato em 1º de janeiro com a missão de resgatar o clube, que não deve nem sequer disputar a Copa do Brasil na próxima temporada.


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