SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A edição de 2023 do Campeonato Brasileiro vai ficar marcada, além da arrancada do campeão Palmeiras e da derrocada do Botafogo, pelo recorde de público nos estádios do país. Dados da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) apontam que o certame nacional alcançou uma média de 26.733 torcedores por partida.
O público acumulado foi de 9,7 milhões de torcedores. As arquibancadas nunca estiveram tão cheias na principal competição do país. Até a quebra do recorde, a maior média havia sido alcançada em 1983, com 22.953 pessoas por confronto.
Atletas de renome internacional, como Luis Suárez, do Grêmio, o conforto e o entretenimento adicional ao futebol oferecido pelas novas arenas e o crescimento de programas de sócio-torcedor são apontados entre as principais razões que contribuem para o recorde de público.
Clube de maior torcida do Brasil de acordo com o Datafolha, o Flamengo teve a melhor média do campeonato, com 55,5 mil torcedores por partida como mandante. O jogo de maior público também foi do Flamengo, contra o Atlético-MG, pela 36ª rodada, acompanhado por 65.305 torcedores. O duelo terminou com vitória do time visitante por 3 a 0.
Um dos protagonistas do futebol nacional nos últimos anos, com dois Brasileiros e duas Copa Libertadores conquistados entre 2019 e 2022, o rubro-negro carioca manteve a atratividade para a massa de torcedores pela força do elenco, defende Gustavo Oliveira, vice-presidente de comunicação e marketing do Flamengo.
Entre os destaques do clube carioca, estão uma série de jogadores com passagem pela seleção brasileira, como Gabigol, Pedro, Bruno Henrique, David Luiz e Gerson, além de estrangeiros como Arrascaeta e Agustín Rossi.
O programa de sócio-torcedor que oferece descontos em ingressos e a facilidade de compra no site do time também são apontados por Oliveira entre as razões para a presença massiva dos torcedores nos jogos do Flamengo. "E, principalmente, a paixão da nossa enorme torcida, que sempre está presente apoiando o time", afirmou o dirigente.
O segundo clube que mais levou torcedores ao estádio é o São Paulo, com uma média de 43,8 mil torcedores por partida no Morumbi.
Embora tenha terminado o torneio apenas no meio da tabela no Brasileiro, a formação tricolor animou o torcedor a se deslocar até o estádio ao contratar jogadores renomados, como os meias Lucas Moura e James Rodríguez, além de ter conquistado pela primeira vez a Copa do Brasil.
Segundo Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo, apostar em atletas de renome internacional contribui para o apelo junto ao torcedor: "Investir em um atleta renomado aproxima a marca do torcedor, bem como da diretoria do clube".
No Grêmio, que teve a sétima maior média de público, com mais de 30 mil torcedores por partida, o atacante uruguaio Luis Suárez, vice-artilheiro do torneio ao lado de Tiquinho Soares, do Botafogo, com 17 gols, caiu nas graças do torcedor.
De acordo com informações do departamento de marketing do Grêmio, Suárez já vendeu cerca de R$ 10 milhões em camisas e produtos com sua marca.
"Atletas da magnitude do Suárez atraem uma série de fatores positivos que vão além daquilo que acontece apenas dentro dos gramados. Estamos falando de visibilidade internacional, ganho com receitas, novos serviços, conteúdos em redes sociais, incremento do programa de sócios, bilheteria e público", afirmou Ícaro Quinteiro, diretor de marketing da plataforma Esportes da Sorte, patrocinadora que ajudou a custear a chegada de Suárez.
Armênio Neto, especialista em negócios do esporte e sócio-fundador da Let's Goal, empresa que agencia contratos de patrocínio, acrescenta que a contratação de um jogador de renome internacional precisa, antes de mais nada, contemplar a questão esportiva. "Isso também impacta as receitas com bilheteria, sócios, produtos licenciados, que naturalmente crescerão nos primeiros meses, mas, se a performance em campo não for como o esperado, vão voltar os números aos patamares anteriores", observou.
Mesmo na parte de baixo da tabela, o Corinthians ostentou a terceira melhor média de público do Brasileiro. Foram 36,9 mil torcedores, em média, a cada partida na Neo Química Arena.
Superintendente de marketing e novos negócios do Corinthians, Gilberto Corazza afirmou que a localização do estádio, perto de estações de trem e metrô, somada ao fato de a zona leste ser, tradicionalmente, o reduto de muitos corintianos, contribuiu para a média de público alcançada.
O executivo corintiano acrescentou que a estrutura da nova arena, com lojas, academias, bares e restaurantes, atrai um público mesmo em dias e horários em que não há partidas. Em muitos casos, são pessoas que acabam ficando ou voltando para acompanhar os jogos.
Brigando contra o rebaixamento até a última rodada, o Vasco da Gama apareceu na 11ª posição entre os clubes de maior média de público, com quase 28 mil torcedores.
O estádio de São Januário chegou a ficar interditado por quase três meses, entre meados de junho e setembro. A interdição ocorreu após a derrota do Vasco para o Goiás, que teve arremessos de objetos no gramado e confronto de torcedores com a polícia.
"Os vascaínos foram fundamentais em momentos importantes da história do clube e continuam sendo protagonistas até hoje", disse Lucio Barbosa, CEO do Vasco.
Campeão do torneio, o Palmeiras teve a quinta melhor média, de 33,1 mil torcedores a cada partida como mandante.
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