SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Foi-se o tempo em que a fase semifinal do Mundial de Clubes tinha amplo favoritismo do representante da América do Sul, que chegava à disputa na expectativa da quase certa decisão com o time da Europa do outro lado da chave. Bastava evitar o que se chamava de "armadilha", cumprir o favoritismo e em seguida brigar pelo título.
A armadilha, na última década, tornou-se bem mais eficiente.
Se só houve zebra nas semifinais em uma das oito primeiras edições do torneio no formato atual - o Internacional caiu diante do Mazembe, da República Democrática do Congo, em 2010-, o cenário mudou bastante nas dez edições mais recentes. Após o título do Corinthians em 2012, cinco dos dez sul-americanos fracassaram logo de cara -e os outros cinco perderam a final.
Atlético Mineiro, Nacional-COL, River Plate-ARG, Palmeiras e Flamengo caíram logo na estreia, respectivamente, diante de Raja Casablanca-MAR, Kashima Antlers-JAP, Al Ain-EAU, Tigres-MEX e Al Hilal-ARA. O Fluminense espera evitar destino semelhante contra o Al Ahly-EGI, na tentativa de fazer a esperada -mas não certa- decisão com o Manchester City-ING.
"Tem que ir passo a passo, pés no chão, sabendo que não tem rival fácil, porque estamos falando do campeão de cada continente. Esse jogo das semifinais vai ser extremamente difícil", afirmou o atacante tricolor Jhon Arias. "A gente sabe que vai precisar ser nossa melhor versão, o melhor Fluminense", acrescentou o colombiano.
Na edição 2023 do Mundial, será um africano o desafiante do representante da América do Sul. Figura frequente na competição, o Al Ahly é o maior campeão de seu continente, com 11 conquistas. A formação egípcia começou a disputa deste ano nas quartas de final e ganhou moral ao bater por 3 a 1 o Al Ittihad-ARA.
O time do Cairo não se intimidou por estar diante do clube representante da Arábia Saudita, sede da competição. Muitos de seus torcedores fizeram uma viagem relativamente curta até Jida e mais barulho do que os anfitriões no King Abdullah Sports City. Em campo, os jogadores se impuseram sobre um adversário rico, que conta com Fabinho, Kanté, Romarinho e Benzema.
Com boa organização, o Al Ahly parece mais forte do que em edições anteriores nas quais cruzou o caminho de brasileiros. Derrotada nas semifinais por Internacional (2006), Corinthians (2012) e Palmeiras (2021), a equipe tem uma vitória sobre um time do Brasil: em 2020, superou na disputa do terceiro lugar o Palmeiras, pior sul-americano em uma edição da competição.
Fernando Diniz viu do estádio o triunfo da agremiação egípcia sobre o Al Ittihad para fazer o que chamou de "últimos ajustes" no Fluminense. De acordo com o treinador, o que sua equipe deve buscar nesta segunda-feira (18), a partir das 15h (de Brasília), no King Abdullah Sports City, é repetir a fórmula que lhe rendeu o sucesso ao longo do ano, com a conquista da Copa Libertadores.
"O professor passa muita confiança, batendo na tecla do que fizemos na temporada", afirmou o volante Martinelli. "O Diniz sempre fala para sonharmos alto. Foi assim que conseguimos ser campeões da Libertadores. Estamos em um torneio extremamente difícil, mas claro que temos um sonho", acrescentou Arias.
Esse sonho inclui uma vitória na decisão sobre o Manchester City -que, de seu lado, de fato com amplo favoritismo, enfrentará o Urawa Red Diamonds-JAP na terça-feira, na outra partida semifinal. Antes, é preciso evitar uma armadilha que já não é surpreendente, porém tem sido eficiente.
Fluminense x Al Ahly
15h, no King Abdullah Sports City, em Jidá (ARA)
Na TV: Globo, CazéTV, ge, Gloplay e Fifa+
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