Um cora??o dividido

Ailton Alves Ailton Alves 26/05/2008

Juninho Pernambucano no Lyon O personagem da rodada poderia ser Dinei, do Vit?ria, que destruiu a s?lida defesa do Figueirense. Ou Perea, o habilidoso colombiano do Gr?mio, que deixou o zagueiro do N?utico no ch?o. Ou Guilherme, o menino prod?gio do l?der Cruzeiro, autor de dois gols na goleada sobre o Santos. Ou Dod?, do Fluminense, ?nico a jogar futebol na partida entre os reservas do Tricolor e do Sport. Ou Paulo Bayer, o indestrut?vel meio-campista do Goi?s, o maior artilheiro da era dos pontos corridos. Ou Neto Baiano, que fez o hist?rico primeiro gol do Ipatinga na Primeira Divis?o.

Mas n?o. O personagem da rodada nem participou da rodada e muito menos estava no Brasil. Foi visto, no s?bado, no Stade de France, nos arredores de Paris, levantando mais uma ta?a para o Lyon, a da Copa da Fran?a.

O que torna Juninho Pernambucano o personagem de uma rodada na qual ele nada fez ? sua condi??o de torcedor privilegiado para uma pr?xima jornada. E mais que isso: ? o seu cora??o dividido entre Vasco e Sport, que jogam nesta quarta-feira, dia 28, em S?o Janu?rio, pelas semifinais da Copa do Brasil.

Juninho ? pernambucano at? no apelido E ciente de suas ra?zes. Recentemente reafirmou essa caracter?stica em papo com Ariano Suassuna, outro ?cone nordestino. Na ocasi?o, o jogador presenteou o escritor com uma camisa do franc?s Lyon. Suassuna - not?rio f? do rubro-negro de Recife, embora paraibano de nascimento - ficou reticente. Achou que fosse uma esp?cie de trai??o ?s cores preferidas. Juninho o tranq?ilizou: "Aceite, tamb?m ? Le?o, como o Sport".

Juninho deixou Recife e o Sport em 1995. Chegou a S?o Janu?rio recomendado pela hist?ria, tantos foram os recifenses que se deram bem no Vasco: Almir, o Pernambuquinho, Ademir Menezes, o Queixada e Vav?, o Le?o da Copa - para ficar em apenas tr?s grandes exemplos. Pela Cruz-de-Malta ganhou tudo que podia: uma Libertadores, uma Copa Mercosul, dois campeonatos brasileiros, um torneio Rio- S?o Paulo e um estadual. Hoje est? presente no hino extra-oficial do Vasco, citado por um gol fenomenal marcado em Buenos Aires, em ?pica partida contra o River Plate.

Em 2001, Juninho foi embora depois de um outro gol - n?o menos espetacular - contra o S?o Caetano, na final do campeonato brasileiro. Na Europa desde ent?o, levou o Lyon a vencer o campeonato franc?s sete vezes seguidas. N?o consta que Juninho queira, por ora, voltar, para Sport ou Vasco. Mas, em f?rias no Brasil, talvez tenha que, neste momento, optar: ou torce pelo amor de inf?ncia ou pela paix?o de adulto.

No primeiro jogo, na quarta-feira passada, deu Sport, na Ilha do Retiro (ou melhor, na "Ilha de Lost, onde os advers?rios se perdem" - na defini??o genial de Xico S?). Agora, depende de Juninho Pernambucano. Se o seu cora??o dividido pender para o Vasco, temos chance.

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Na outra semifinal da Copa do Brasil, entre Corinthians e Botafogo, n?o haver? divis?o na arquibancada. O est?dio estar? tomado por aqueles que se intitulam Loucos pelo Tim?o. Os corintianos s?o, antes de tudo, cr?dulos e n?o passa pela cabe?a de ningu?m, l? em S?o Paulo, que a vaga para a final n?o vir?.

Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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