O doping e a hipocrisia

Ailton Alves Ailton Alves 15/09/2008

Longe de mim querer defender quem se dopa para jogar bola, e muito menos quem usa uma droga como coca?na. Na verdade, a primeira coisa n?o me surpreende, e a segunda pouco me interessa. Mas, o caso do doping de Dod? (ex-atacante de S?o Paulo, Santos, Botafogo e Fluminense), revelado e punido na semana passada s? reafirma, mais uma vez, que o mundo do futebol ? "podre" - como de resto qualquer mundo - e cheio de hipocrisia. Os casos de doping, numerosos, s?o tratados de forma completamente diferente, dependendo da moral, da ?poca e a quem interessa (ou n?o) a transgress?o.

Foto de Dod? de cabe?a baixa com a m?o na cabe?a e olhos fechados Almir, o pernambuquinho, jogou dopado a decis?o do Campeonato Mundial de 1963, entre Milan e Santos. S? assim ele parou Amarildo, o "Possesso". ? r?u confesso: est? no seu livro "Eu e o Futebol". Na ?poca, ningu?m sabia, s? desconfiava. Depois de revelado, o caso passou a ser tratado - e ? assim at? hoje - de forma, digamos, "rom?ntica".

Mazolinha, o ponta-esquerda do Botafogo (aquele que dan?ou na frente do marcador do Flamengo, antes de cruzar aquela bola para Maur?cio acabar com o sofrimento de 21 anos dos botafoguenses) tamb?m jogou dopado. N?o naquele jogo, em outros. Tamb?m tornou p?blico o seu caso numa famosa entrevista ? revista Placar. Pouca gente hoje toca no assunto.

O corintiano Dinei usava coca?na e confessou sua depend?ncia. Livre da droga, virou um belo exemplo e ? o ?nico tricampe?o brasileiro pelo Tim?o.

Toda a It?lia sabia que Maradona e Cannigia usavam coca?na. O caso s? apareceu depois da Copa de 1990, quando, coincidentemente, Diego chamou de "filhos da p..." os italianos que vaiavam o hino da Argentina e Cannigia marcou o gol que eliminou a Azurra. Maradona j? tinha cumprido o seu "papel social": dar dois t?tulos para o N?poli, da regi?o sul, a menos desenvolvida, da It?lia.

O genial argentino n?o aprendeu e foi devidamente usado na Copa de 1994. Precisavam de um ?dolo para que a competi??o desse certo. Prometeram mundos e fundos, e depois, quando n?o mais interessava, ? claro que apareceu coca?na na urina dele.

J?nior Baiano, ?dolo dos flamenguistas e tetracampe?o brasileiro pelo Vasco tamb?m j? foi pego num exame antidoping. Por?m, em se tratando dele e pensando bem, n?o foi t?o surpresa assim. J? vimos, n?s torcedores, J?nior Baiano fazer besteiras maiores pelos campos do Brasil. Foram tantos p?naltis desnecess?rios, tantas vezes ele deixou a bola para atingir o corpo do atacante, tantas expuls?es infantis, tantas declara?es imbecis... Sem contar a pior de suas bobagens: aquele p?nalti no jogador noruegu?s, na Copa do Mundo de 1998, que insistiu em negar at? que apareceram as imagens do pux?o na camisa, feitas por uma televis?o sueca.

Depois disso, J?nior Baiano acusou, sem provas, o ?rbitro Oscar Roberto de Godoy de atuar b?bado. Quando foi divulgado o caso de doping de seu ofensor, o ofendido soltou a melhor frase sobre o epis?dio: "O castigo para quem levanta falso testemunho vem a cavalo" - ou algo parecido.

Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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