Ailton Alves Ailton Alves 16/3/2009

Perdas & danos

Foto do t?cnico do Tupi - Leonardo Cond? Foto do ex-t?cnico do Tupi Jos? Carlos Amaral Terminada a rodada, a nona, do Campeonato Mineiro de futebol, a contabilidade aponta um passivo impressionante: o Tupi perdeu mais do que podia ou queria. A derrota, em muitos aspectos inexplic?vel, para o Rio Branco trouxe no rastro danos irrepar?veis. Primeiro, o Galo perdeu o pique, a fama, a aura de ter parado o Cruzeiro no Mineir?o, na rodada anterior. At? ai (caso queira agir como Pollyana) seria o de menos. Afinal, como dizia Zeca Baleiro, "tudo que se ganha nessa vida ? para perder" - e realmente, nesse caso, n?o fica bem para as gera?es futuras ficar relembrando e remoendo resultados que n?o vit?rias. Mas, deixando o fato de termos perdido esse respeito moment?neo de todas as Minas Gerais, perdemos a chance de avan?ar na classifica??o, de vislumbrar um futuro melhor na segunda fase do torneio e, para culminar, ficamos sem o t?cnico num momento extremamente delicado da competi??o.

Essas foram as perdas coletivas, um pouco menos dram?ticas do que a perda individual, a do t?cnico Jos? Carlos Amaral. O treinador perdeu o jogo e o emprego. Coisas, no entanto, comuns, corriqueiras - perder faz parte do esporte e da vida dos carij?s. Grave foi que Amaral perdeu tamb?m a compostura, ao discutir e ofender com gestos obscenos um torcedor. Mais grave ainda foi o fato do treinador perder aquilo que lhe parecia mais caro: a credibilidade do seu discurso.

Jos? Carlos Amaral nunca foi um t?cnico comum, justamente em fun??o de seu discurso. Essa caracter?stica sempre foi destacada, quando da sua primeira passagem por Santa Terezinha (h? cerca de 10 anos) e no in?cio de seu retorno, quando tudo ainda eram flores. N?o faz muito tempo, quando ele fez substitui?es fant?sticas e conseguiu reverter uma vantagem enorme do Atl?tico Mineiro (perd?amos de 2 a 0 e empatamos a partida) mais do que os dois gols, mais do que o ponto conquistado o que fez sucesso mesmo, naquele dia, foram as explica?es do t?cnico.

Mas, o tempo foi passando e as pessoas - da imprensa, principalmente - foram se cansando do discurso. E quem h? de julgar os impacientes? Assim caminha a humanidade, cada vez mais esquecida de que "No princ?pio era o verbo... No princ?pio era o verbo".

Amaral, ent?o, foi embora. Levando consigo o seu discurso, sua incr?vel capacidade de ver e explicar uma partida de futebol. Tenho mil d?vidas se foi uma medida correta demiti-lo. Foi como se arrancassem as duas ?ltimas p?ginas de um livro, aquelas que explicariam o final da hist?ria.

P?gina virada, no entanto, Leonardo Cond? j? chegou. Trata-se de um jovem, talentoso e competente (duas caracter?sticas que nem sempre andam juntas). Dia desses, jogo deste campeonato, o vi nas arquibancadas, como um torcedor carij? comum. E ? frequentador contumaz e antigo de Santa Terezinha. Pode ser o seu diferencial, essa intimidade com as coisas do Tupi e da cidade.

Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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