Do sonho a Série A à incerteza da Série C. Saiba mais sobre o inconstante Fortaleza, adversário do Tupi na luta pelo acesso

Nome do Colunista Matheus Brum 11/09/2017

Ao analisar a tabela da Série C do Campeonato Brasileiro, de cara, já se aponta como favorito a equipe do Fortaleza. Afinal de contas, são 41 títulos estaduais e 20 participações na Série A do Campeonato Brasileiro (sendo vice-campeão em duas oportunidades: 1960 e 1968). Entretanto, nem nome, nem história, definem resultados dentro de campo. Em 2018, o clube completará 100 anos. No ano passado, foi feito o planejamento para que disputassem a Série A no centenário. Só que erros administrativos adiaram o desejo.

O adversário do Tupi nas quartas de final da Série C do Campeonato Brasileiro vem de uma temporada abaixo das críticas. No Campeonato Cearense, não passou das semifinais; na Copa do Nordeste, foi eliminado na primeira fase, e na Copa do Brasil, parou no São Raimundo-PA na primeira rodada. Isso fez com que a equipe trocasse de técnico quatro vezes (Flávio Araújo, Marquinhos Santos, Paulo Bonamigo e Antônio Carlos Zago), além de ter o presidente e toda a cúpula diretiva renunciando, no meio do mandato.

Sob a direção de Luís Eduardo Girão, os salários deixaram de atrasar e o clima com a torcida melhorou. Entretanto, dentro de campo, a situação não modificou. A inconstância vista ao longo da temporada continuou na Terceira Divisão. O tricolor terminou na terceira posição do Grupo A, com 27 pontos, conquistando sete vitórias, seis empates e cinco derrotas. Marcou 20 gols e foi vazado 15 vezes.

“A Série C passou a ser a principal competição para apagar a temporada ruim. Fora o estigma de oito anos disputando o torneio. O ano foi muito ruim. Time muito inconstante, que em nenhum momento passou confiança para a torcida. Joga mais na base da raça, da força de vontade, do que propriamente na técnica”, afirmou o setorista do clube, da Rádio Tribuna Band News FM, Anderson Azevedo.

O elenco do Leão Cearense conta com alguns jogadores conhecidos do grande público, como os atacantes Lúcio Flávio (artilheiro do time na Série C e ex-Paraná e Ponte Preta) e Paulo Sérgio (ex-Flamengo); o meia Éverton (ex-Fluminense e Cruzeiro) e o volante Ronny (ex-Corinthians e Hertha Berlin). Todavia, o desempenho dos “medalhões” não tem sido à altura do que se esperava.

“Nenhum jogador, tecnicamente, tem sido capaz de decidir. O Lúcio Flávio é artilheiro, mas só consegue marcar se pegar a bola sozinho. Não é necessário dobrar a marcação em cima dele; Ronny estava parado há dois anos, antes de acertar com o Fortaleza. Não consegue atuar 90 minutos por conta da situação física. Porém, é o mais técnico do time, com bom passe e bom chute de fora da área (autor do gol da vitória sobre o Moto Club, na última rodada); Paulo Sérgio começou bem, mas depois despencou, junto com o time, e o Éverton voltou para cá depois de uma temporada no Figueirense, mas também tem sido inconstante. O jogador mais regular é o goleiro Marcelo Boeck”, comentou Anderson.

Pelas redes sociais, alguns torcedores do Fortaleza têm “comemorado” enfrentar o Tupi no mata-mata do acesso. Eles acreditam que vão enfrentar um “campo neutro” em Juiz de Fora, devido à baixa média de público do Galo Carijó no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio. Entretanto, para Anderson “não existe esta confiança toda”.

“O Fortaleza já jogou com outros times considerados pequenos e acabou sendo eliminado (Oeste, em 2012, e Macaé, em 2014). Com certeza, antes, tinha o favoritismo. Contudo, hoje, o torcedor está com pé atrás por causa da inconstância. Um ou outro podem achar, mas não são a maioria”, afirmou o setorista, que completou: “o desespero do acesso é tão grande que se perguntar para um torcedor se ele deseja ser campeão mundial ou ir para a Série B, ele vai responder que prefere o acesso”.

Na última partida da primeira fase, a torcida compareceu à Arena Castelão. Foram 33.273 presentes na vitória por 1 a 0 sobre o Moto Club. No entanto, Anderson ressalta que o estádio, com capacidade para 63.903 pessoas, não tem enchido. Antes do confronto contra os maranhenses, a partida que mais interessou ao torcedor foi diante do CSA, na 16ª rodada: 15.066 pagantes. Diante dos fãs, o tricolor gosta de propor o jogo, mas tem problemas na articulação das jogadas.

“É um time de posse de bola, que procura partir ao ataque. Todavia, vai muito mais na força de vontade do que na técnica. O principal problema é o último passe. Às vezes, constrói uma jogada legal, mas, na hora da conclusão, acaba errando. Isso faz com o que o time fique nervoso”, comentou Anderson.
Aliás, o lado psicológico pode ser uma chave para o Tupi poder construir o jogo. “Desde o início do ano tem uma psicóloga acompanhando os jogadores. Entretanto, até hoje, não surtiu efeito”.

O confronto contra o “Fantasma do Mineirão” será o quarto de Antônio Carlos Zago à frente do Fortaleza. Contratado para a vaga de Paulo Bonamigo, o treinador venceu o Moto Club, empatou contra o CSA e perdeu para o Confiança.
“O Zago chegou por causa do Juventude (conseguiu o acesso, no ano passado, contra o próprio Fortaleza). Porém, ainda não conseguiu dar padrão à equipe. Contra o Moto Club, foi a melhor partida do tricolor na Série C. Jogou como time grande, tomou conta da partida, não permitindo ataques do adversário”, analisou.

Por fim, Anderson confessou o sentimento para esta decisão contra o Galo. “Acompanhei Volta Redonda x Tupi. Fortaleza vai ter muitas dificuldades”, finalizou.

Ainda não foi definido as datas e horários dos confrontos entre as equipes. O que se sabe é que o Fortaleza será o mandante da primeira partida. Desde 2010 na Série C, os números, diante da torcida, são impressionantes: em 62 jogos, foram 39 vitórias, 21 empates e 02 derrotas. O alento, neste aspecto, para o torcedor carijó é o desempenho fora de casa na atual edição da Terceira Divisão. Em nove jogos, o Tupi venceu um, empatou seis e perdeu dois.


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