Artigo

Conforto Ac?stico das Edifica?es

Luiz Thiers
20/02/2001

Quando se fala em conforto ac?stico estamos nos referindo ao n?vel de ru?dos que n?o seja inc?modo e sim confort?vel aos habitantes de uma edifica??o. Essa afirma??o, embora pare?a ?bvia, esconde um detalhe importante: a sensibilidade das pessoas ao som ? diferente. Ou seja, ru?dos que incomodam alguns indiv?duos podem n?o incomodar a outros. Existem tamb?m aqueles que se acostumaram com determinados sons e que j? n?o mais os perturbam. ? o caso cl?ssico de uma pessoa que mora num apartamento em frente a uma avenida movimentada, com tr?fego ininterrupto durante a madrugada, e esse barulho, por costume, j? n?o mais a incomoda. Ao receber uma h?spede, que reside num bairro tranq?ilo, este se diz incomodado com o ru?do durante a noite, n?o conseguindo dormir.

Assim como varia a sensibilidade ao ru?do, variam tamb?m os tipos de ru?dos perturbadores. Existem ru?dos que, devido a sua freq??ncia e intensidade, s?o inc?modos para a grande totalidade dos indiv?duos, como aqueles entre 1000 Hz e 3500 Hz, aos quais o ouvido humano ? muito sens?vel. S?o os ru?dos agudos, como os dos despertadores, campainhas de celulares, cigarras, e mais uma infinidade de outros que nos rodeiam. Felizmente essas ondas sonoras de altas freq??ncias s?o facilmente barradas ou absorvidas pelos materiais de tratamento ac?stico dispon?veis no mercado. Freq??ncias baixas (at? 300 Hz), que s?o os som graves, s?o mais dif?ceis de eliminar, devido ?s ondas de grande amplitude, mas, em compensa??o, incomodam menos aos ouvintes.

Outro conceito fundamental diz respeito aos dois processos b?sicos de elimina??o do barulho: isolamento e absor??o. Para isolar acusticamente um ambiente dos ru?dos externos ? necess?rio utilizar materiais de alta densidade, como o concreto, o chumbo ou o vidro. O efeito do isolamento pode ser ampliado com a coloca??o de vazios entre os ambiente a isolar: por exemplo, duas paredes de tijolos ou duas placas de vidro separadas entre si por pequena dist?ncia podem atenuar significativamente a transmiss?o de ondas sonoras.

Quanto ? fonte, os ru?dos podem ser externos ou internos ?s edifica?es. Os ru?dos externos encontram nas fachadas os pontos mais vulner?veis para penetra??o, principalmente na precariedade ac?stica das janelas, que s?o as grandes respons?veis pela maioria dos ru?dos externos. Quanto aos ru?dos internos dos ambientes, al?m das barreiras, pode-se criar sistemas de absor??o das ondas sonoras, utilizando-se materiais porosos e fibrosos, como carpetes, espumas e l?s de vidro ou rocha, que transformam a energia sonora em quantidades diminutas de calor. Assim, superf?cies lisas e duras s?o acusticamente refletoras, enquanto materiais porosos e macios s?o excelentes absorventes de sons.

Dentre os ru?dos internos est?o os chamados ru?dos org?nicos, que s?o aqueles produzidos dentro da pr?pria edifica??o, oriundos de equipamentos de ar condicionado, exaustores, geradores de energia, ventiladores, sistemas hidr?ulicos, elevadores, etc.

Dez principais fontes de ru?do e as formas de combate

Ru?dos externos ?s edifica?es, oriundos do tr?nsito, ind?strias, etc.
Forma de combate:
  • janelas de boa qualidade com ajustes perfeitos entre as folhas;
  • utiliza??o de vidros de maior espessura nas janelas;
  • utiliza??o de janelas com dois pain?is de vidros com espessuras de 4, 5, 6 mm ou mais;
  • veda?es com alvenaria com maior espessura, com 20 ou 30 cm;
  • veda?es duplas como duas paredes de alvenarias com uma camada de ar entre elas;
  • utilizar sistemas construtivos do tipo ?mido, como alvenaria de tijolos e argamassa, pois possuem juntas herm?ticas e n?o sistemas do tipo seco, devido ?s frestas impercept?veis que esses sistemas proporcionam.
Lajes com pouca espessura - na busca por edifica?es mais esbeltas ou por solu?es mais econ?micas, os projetistas v?m empregando lajes de menor espessura e ainda a chamada "laje zero", sem contrapiso, ambas muito criticadas sob o ponto de vista ac?stico. A perda de massa pela diminui??o de espessura do conjunto (laje+contrapiso) aumenta a exposi??o a ru?dos de percuss?o e impactos.
Forma de combate:
  • na fase de projeto, utiliza??o de lajes mais espessas e/ou utiliza??o de contrapiso;
  • ap?s constru?das, emprego de pisos flutuantes, moldados sobre uma camada de poliestireno expandido, EPS, ou l?s minerais, e ainda o emprego de tapetes e carpetes.

Ru?dos provenientes de tubula?es, como desvios de prumadas de esgotos que tenham que passar pelo entreforro do andar inferior, ou tubos pressurizados de ?gua.
Forma de combate:
  • envelopamento dos tubos e fixadores el?sticos.
Impactos sobre pias de cozinha chumbadas nas paredes divis?rias com outros c?modos e que s?o transmitidos ?s paredes, causando inc?modo.
Forma de combate:
  • coloca??o de balc?es, em vez de chumbadores, nas bancas de pia de cozinha.
Ru?dos de campainhas, impressoras de computadores, ventiladores, aparelhos de ar condicionado e outros ru?dos internos provocados por aparelhos e equipamentos ruidosos diversos.
Forma de combate:
  • Se n?o for poss?vel trocar os aparelhos, criar barreiras ac?sticas ou enclausurar os aparelhos.
Propaga??o de sons em dutos de ventila??o, principalmente de banheiros.
Forma de combate:
  • utiliza??o de barreiras ac?sticas;
  • emprego de revestimentos com superf?cies irregulares como chapiscos para absor??o dos ru?dos.
Vibra??o de equipamentos mec?nicos.
Forma de combate:
  • instala??o de coxins contra vibra??o.
Paredes divis?rias de ambientes - quando s?o baixas possibilitam a eleva??o do ru?do de fundo, em instala?es comerciais, por reflex?o.
Forma de combate:
  • utilizar o p?-direito total.
Descargas sanit?rias
Forma de combate:
  • evitar o embutimento da tubula??o quando em paredes divis?rias com quartos e salas.
Ru?dos internos em geral, inclusive ru?dos org?nicos das edifica?es.
Forma de combate:
  • promover uma maior absor??o ac?stica no ambiente com cortinas, poltronas, tapetes, carpetes ou a forra??o das paredes com elementos texturizados, como os produzidos pela ind?stria.


Estas informa?es est?o no site Edifica?es Online, coordenado pelo engenheiro civil Luiz Carlos Thiers Silva, autor deste artigo.

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  • Trincas em edifica?es - saiba identific?-las e qual a sua import?ncia
  • Roteiro da economia para constru??o da casa
  • 1? ponto: O Terreno
  • 2? ponto: O Projeto
  • 3? ponto: O Planejamento
  • 4? ponto: A Constru??o


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