Gramsci e o Brasil defende, serenamente, a não-violência e o "pacifismo radical" como valores a serem incorporados ao patrimônio das esquerdas. Para sempre. No Oriente Médio, isso traduz-se em integral apoio à ONU, bem como à s inúmeras e corajosas agências humanitárias em campo (Cruz Vermelha, Crescente Vermelho, entre outras), para não falar de personalidades independentes e ONGs generalizadamente reconhecidas (Anistia Internacional, Human Rights Watch, Médicos sem fronteira). Tais entidades corporificam o que, sem retórica, podemos chamar de "ética do gênero humano"; cabe-lhes apontar as violações do direito das populações civis e, no devido tempo, dar subsÃdios para a possÃvel instauração de tribunais para crimes de guerra, como nas tragédias recentes de Bósnia e Ruanda. Â
Nosso pacifismo traduz-se, sobretudo, na esperança de atuação firme por parte desta novÃssima sociedade civil internacional, capaz de condicionar o rumo dos acontecimentos e de pressionar em sentido positivo todos os governos com responsabilidades históricas na região, inclusive o dos Estados Unidos. Sem superestimar nossas possibilidades, até mesmo o governo e a sociedade brasileira estão chamados a participar ativamente do processo de paz. Por tudo isso, opomo-nos a todo e qualquer fundamentalismo, em nome de um Oriente Médio próspero e pacificado, no qual Israel e Palestina vivam em segurança como Estados democráticos, laicos e pluralistas.Â
São muitas (e muitas vezes discrepantes entre si) as vozes de esquerda que se levantam contra a situação de guerra instalada em Gaza. Há manifestações em diversas cidades de todo o mundo. Também em Israel há condenações explÃcitas à continuidade das operações. Com a preocupação de fornecer elementos para análise e reflexão, transcrevemos abaixo um manifesto assinado por revistas do Brasil, Chile, Argentina, França e Portugal, que representam distintas orientações de esquerda.
Os editores das revistas abaixo relacionadas manifestam publicamente seu mais firme e veemente repúdio à operação de extermÃnio desencadeada pelo Estado de Israel contra o povo palestino na Faixa de Gaza. Inegável é reconhecer que a polÃtica genocida de Israel contra os palestinos é beneficiária do apoio direto do imperialismo norte-americano e demais potências imperialistas. Entendemos que a possibilidade de uma paz duradoura no Oriente Médio impõe que o governo dos Estados Unidos e as demais potências imperialistas cessem sua polÃtica intervencionista na região e que a legÃtima reivindicação histórica de criação do Estado livre e independente da Palestina se transforme em concreta e imediata realidade.
Diante das atrocidades em curso, os editores das publicações signatárias manifestam sua mais viva e irrestrita solidariedade à heróica resistência do povo palestino.