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Um manifesto sobre a questão de Gaza

Luiz Sérgio Henriques - Janeiro 2009
 

Gramsci e o Brasil defende, serenamente, a não-violência e o "pacifismo radical" como valores a serem incorporados ao patrimônio das esquerdas. Para sempre. No Oriente Médio, isso traduz-se em integral apoio à ONU, bem como às inúmeras e corajosas agências humanitárias em campo (Cruz Vermelha, Crescente Vermelho, entre outras), para não falar de personalidades independentes e ONGs generalizadamente reconhecidas (Anistia Internacional, Human Rights Watch, Médicos sem fronteira). Tais entidades corporificam o que, sem retórica, podemos chamar de "ética do gênero humano"; cabe-lhes apontar as violações do direito das populações civis e, no devido tempo, dar subsídios para a possível instauração de tribunais para crimes de guerra, como nas tragédias recentes de Bósnia e Ruanda.  

Nosso pacifismo traduz-se, sobretudo, na esperança de atuação firme por parte desta novíssima sociedade civil internacional, capaz de condicionar o rumo dos acontecimentos e de pressionar em sentido positivo todos os governos com responsabilidades históricas na região, inclusive o dos Estados Unidos. Sem superestimar nossas possibilidades, até mesmo o governo e a sociedade brasileira estão chamados a participar ativamente do processo de paz. Por tudo isso, opomo-nos a todo e qualquer fundamentalismo, em nome de um Oriente Médio próspero e pacificado, no qual Israel e Palestina vivam em segurança como Estados democráticos, laicos e pluralistas. 

São muitas (e muitas vezes discrepantes entre si) as vozes de esquerda que se levantam contra a situação de guerra instalada em Gaza. Há manifestações em diversas cidades de todo o mundo. Também em Israel há condenações explícitas à continuidade das operações. Com a preocupação de fornecer elementos para análise e reflexão, transcrevemos abaixo um manifesto assinado por revistas do Brasil, Chile, Argentina, França e Portugal, que representam distintas orientações de esquerda.

"Repúdio & solidariedade  

Os editores das revistas abaixo relacionadas manifestam publicamente seu mais firme e veemente repúdio à operação de extermínio desencadeada pelo Estado de Israel contra o povo palestino na Faixa de Gaza. Inegável é reconhecer que a política genocida de Israel contra os palestinos é beneficiária do apoio direto do imperialismo norte-americano e demais potências imperialistas. Entendemos que a possibilidade de uma paz duradoura no Oriente Médio impõe que o governo dos Estados Unidos e as demais potências imperialistas cessem sua política intervencionista na região e que a legítima reivindicação histórica de criação do Estado livre e independente da Palestina se transforme em concreta e imediata realidade.

Diante das atrocidades em curso, os editores das publicações signatárias manifestam sua mais viva e irrestrita solidariedade à heróica resistência do povo palestino.

América Latina en movimiento - Equador; América Libre - Argentina; Antítese - Brasil; Caminos - Cuba; Contretemps - França; Crítica marxista - Brasil; Estratégia internacional - Brasil-França; Fórum - Brasil; Herramienta - Argentina; História & Luta de classes - Brasil; Iskra - Brasil; Le Monde Diplomatique - Brasil; Lutas & Resistências - Brasil; Lutas sociais - Brasil; Maisvalia - Brasil; Margem Esquerda - Brasil; Marxismo vivo - Brasil; Novos Rumos - Brasil; Novos temas de ciências humanas - Brasil; Outubro - Brasil; Princípíos - Brasil; Punto Final - Chile; Revista do Brasil - Brasil; Revista Sem Terra - Brasil; Rubra - Portugal."



Fonte: Especial para Gramsci e o Brasil.

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