Aos 84 anos incompletos, morreu no Rio de Janeiro o jornalista e tradutor Luiz Mário Gazzaneo. Membro do PCB desde a juventude, Gazzaneo integrou muito cedo o movimento antifascista que, na Segunda Guerra, forçou o rompimento de relações com a Alemanha e o alinhamento do Brasil com Estados Unidos e União Soviética.

Na década de 1950, estabeleceu-se no Rio de Janeiro e trabalhou no semanário Novos Rumos, fechado pela repressão em 1964. Colaborou, de modo clandestino, no mensário Voz Operária, porta-voz do comitê central do PCB, ao mesmo tempo que exercia suas funções em importantes jornais, como O Globo e o Jornal do Brasil.

Com a redemocratização, no seu último posto profissional, Gazzaneo trabalharia como assessor de imprensa do IBGE, na gestão de Sérgio Besserman Vianna. Seria também dirigente nacional do PPS, a partir de 1992.

Luiz Mário Gazzaneo tinha um vínculo profundo com a cultura política italiana, em particular com as ideias promovidas pelo antigo PCI. Deve-se a ele a tradução de inúmeras obras, entre as quais Breve história das religiões, de Ambrogio Donini, Maquiavel, a política e o Estado moderno, de Antonio Gramsci, e Política e história em Gramsci (editados pela Civilização Brasileira). Foi um dos membros destacados do "eurocomunismo" do velho partidão nos anos 1970 e 1980, e, como tal, uma das referências fundamentais de Gramsci e o Brasil.