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A nova "edição nacional" das obras de Gramsci

Josimar Teixeira - Junho 2007
 

Na Itália, a necessidade de uma edição integral dos escritos de Gramsci foi percebida e estimulada pelos estudiosos sobretudo a partir de 1975, ano da publicação da edição crítica dos Cadernos do cárcere sob os cuidados de Valentino Gerratana. Uma edição crítica de todos os escritos, baseada em rigorosos critérios filológicos, apresentava-se como uma complexa iniciativa editorial. A Fundação Instituto Gramsci formulou assim a proposta de uma "edição nacional" dos escritos (não das "obras", que a rigor não existiram, sendo Gramsci um autor póstumo), favoravelmente acolhida pelo mundo acadêmico e, desde 1990, posta sob o alto patrocínio da presidência da República italiana.

Para estabelecer o plano de edição e supervisionar todo o empreendimento, uma comissão científica foi instituída pelo Ministério dos Bens Culturais e Ambientais em 1996, sob a presidência de Renato Zangheri, sucedido por Giuseppe Vacca em 2000. Dela fazem parte Joseph Buttigieg, Luciano Canfora, Michele Ciliberto, Eric Hobsbawm, Dante Isella, Luisa Mangoni, Giuliano Procacci e Cesare Segre.

O plano prevê a repartição dos volumes, num total de 25, em três grandes seções: Scritti 1910-1926 (seção dirigida por Leonardo Paggi); Quaderni del carcere (seção dirigida por Gianni Francioni); e Epistolario 1905-1937 (seção dirigida por Chiara Daniele).

Na primeira seção, está prevista a publicação, em ordem cronológica, de todos os escritos jornalísticos e políticos (relatórios, discursos, atas de reuniões) de Gramsci, até a data da prisão. No âmbito dos Quaderni del carcere, serão publicados também os cadernos só de traduções e as traduções esparsas, não inseridas nas edições precedentes. O Epistolario, por fim, compreenderá as cartas escritas por Gramsci nos anos anteriores à prisão e as escritas no cárcere, as cartas de todos os correspondentes (em grande parte inéditas) e algumas fundamentais correspondências paralelas, indispensáveis para um conhecimento mais adequado das vicissitudes relativas aos anos de detenção. Todos os textos virão acompanhados de aparato crítico e comentários.



Fonte: Especial para Gramsci e o Brasil.

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