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Jornal Pessoal, de Belém, faz 20 anos

Luiz Sérgio Henriques - Setembro 2007
 

Em Belém do Pará, uma singularíssima expressão da chamada imprensa alternativa faz 20 anos e completa 400 edições. Trata-se do Jornal Pessoal, solitariamente redigido e dirigido por Lúcio Flávio Pinto, também colaborador constante de Gramsci e o Brasil. A existência comercial do jornal é, ela mesma, uma saga: o jornal é vendido em algumas poucas bancas de Belém e conta com um círculo reduzido, mas fiel e qualificado, de leitores. Estes últimos, por sua vez, são testemunhos privilegiados de uma voz que escreve a contra-história do Pará e da Amazônia: uma narrativa que desmente e incomoda as oligarquias locais.

Destas oligarquias, ou de uma parte delas, Lúcio Flávio tem recebido um tratamento duríssimo: desde 1992, respondeu a 32 processos de nítido caráter intimidatório, e ainda hoje responde a uma boa parte deles. Trata-se de uma situação que deve preocupar a todos os democratas, ciosos, como devem ser, da liberdade de imprensa como pilar inquestionável de todo regime democrático.

Nas suas palavras, "o uso imoderado, excessivo e abusivo da justiça se transformou, no Pará, num instrumento de cerceamento ao direito constitucional de informação, que, para um jornalista consciente, é também um dever. Enredado em dezenas de incidentes processuais, que se multiplicam a partir de cada uma das 15 ações ainda em curso, perdi a liberdade, o tempo e as condições operacionais que o jornalismo exige. Há muitos anos meus fins de semana são a forja deste jornal, que costumo escrever de um só impulso, principalmente nesses dois dias, reservados ao descanso e ao lazer".

O resultado do esforço de Lúcio Flávio é um veículo jornalístico sui generis, que, vinte anos depois, mantém a mais alta credibilidade, ao narrar a cada quinze dias, com equilíbrio e paixão, a crônica da devastação da Amazônia e a luta dos que a esta devastação se opõem. 



Fonte: Especial para Gramsci e o Brasil.

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